
São sete quilos e meio que este sábado, talvez por volta das 22 horas, na esplendorosa Arena de Munique, Marquinhos ou Lautaro Martínez, capitães de PSG e Inter, levantarão após um dos dois vencer a prova mais cobiçada da temporada: a UEFA Champions League. É a sétima final dos nerazzurri (1964, 1965, 1967, 1972, 2010, 2023 e 2025) e a segunda para os bleus (2020 e 2025). Os italianos venceram a prova em 1964 (3-1 ao Real Madrid), 1965 (1-0 ao Benfica) e 2010 (2-0 ao Bayern) e os franceses ainda não se sagraram campeões da Europa.
Nos plantéis das equipa de Paris e Milão há cinco campeões do Mundo (os franceses Benjamim Pavard, Presnel Kimpembe, Ousmane Dembélé e Lucas Hernandez e o argentino Lautaro Martínez), quatro campeões da Europa (os italianos Francesco Acerbi, Gianluigi Donnarumma e Nicolò Barella e o espanhol Fábian Ruiz) e dois campeões olímpicos (o espanhol Arnau Tenas e o brasileiro Marquinhos).
Talvez fosse de esperar, assim, que houvesse muitos jogadores já vencedores da Liga dos Campeões. Não há, porém, assim tantos. Apenas quatro: Lucas Hernández e Benjamim Pavard (Bayern, 2019/2020), Achraf Hakimi (Real Madrid, 2017/2018) e Marko Arnautovic (Inter, 2009/2010). Restam, no PSG, Marquinhos e Kimpembe da final perdida para o Bayern em 2019/2020 e, no Inter mantêm-se Darmian, Acerbi, Bastoni, Dumfries, Barella, Brozovic, Çalhanoglu, Mkhitaryan, Dimarco e Lautaro Martínez.
Grandíssimos jogadores estarão na Arena de Munique: suíços, neerlandeses, italianos, brasileiros, alemães, polacos, turcos, albaneses, arménios, argentinos, austríacos, iranianos, franceses, marroquinos, georgianos, espanhóis, coreanos, russos, equatorianos e, pelo meio desta babilónia, quatro portugueses: Nuno Mendes, Vitinha, João Neves e Gonçalo Ramos. E um quinto estará como 4.º árbitro da equipa liderada pelo romeno István Kovács: João Pinheiro.
Os primeiros portugueses a vencer a Liga dos Campeões, então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus, foram os do Benfica em 1960/1961 (3-2 ao Barcelona, em Berna): Costa Pereira, Mário João, Ângelo, Serra, Artur Santos, Cruz, Saraiva, Germano, Neto, José Augusto, Santana, José Águas, Coluna e Cavém.
Um ano depois, em 1961/1962, o mesmo Benfica, agora perante o Real Madrid (5-3 em Amesterdão), juntou mais três novos campeões europeus: Eusébio, Simões, Humberto Fernandes. Este trio juntava-se a 12 que passavam a ser bicampeões da Europa: Costa Pereira, Ângelo, Mário João, Serra, Cruz, José Augusto, Neto, Germano, Santana, José Águas, Coluna e Cavém.
Vinte e cinco anos depois do bicampeonato europeu do Benfica, apareceu o FC Porto, em 1986/1987, a vencer a prova, com 16 portugueses nos nove jogos: Zé Beto, João Pinto, Eduardo Luís, Bandeirinha, Frasco, Sousa, Jaime Pacheco, André, Gomes, Futre, Jaime Magalhães, Quim, Inácio, Laureta, Lima Pereira e Vermelhinho. E mais sete estrangeiros: Celso, Madjer, Elói, Juary, Paulo Ricardo, Casagrande e Mlynarczyk.
Dezassete anos mais tarde, em 2003/2004, 17 portugueses sagravam-se campeões da Europa pelo FC Porto: Bosingwa, César Peixoto, Costinha, Deco, Hugo Almeida, Jorge Costa, Maniche, Marco Ferreira, Mário Silva, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Pedro Emanuel, Pedro Mendes, Ricardo Carvalho, Ricardo Costa, Ricardo Fernandes e Vítor Baía. E seis estrangeiros: Alenitchev, Bruno Moraes, Carlos Alberto, Derlei, McCarthy e Jankauskas.
Mais nenhuma equipa portuguesa venceu a mais importante prova de clubes do Mundo. Só o Benfica em 1960/1961 e 1961/1962 e o FC Porto em 1986/1987 e 2003/2004. Os encarnados estiveram presentes em mais seis finais, todas perdidas: 1962/1963 (Milan, 1-2), 1963/1964 (Inter, 1-3), 1964/1965 (Inter, 0-1), 1967/1968 (Manchester United, 1-4), 1987/1988 (PSV, 0-0 e 5-6 no desempate por grandes penalidades) e 1989/1990 (Milan, 0-1).
O Benfica deu 17 campeões da Europa de clubes ao futebol português no início da década de 60 e o FC Porto deu 33 (16 em 1987/1987 e 17 em 2003/2004).
Oito anos antes do FC Porto ter garantido a segunda Taça/Liga dos Campeões da sua história, um jogador, que passara por Benfica e Sporting, fazia iguamente história ao tornar-se no primeiro português a vencer a prova por um clube estrangeiro: Paulo Sousa, em 1995/1996, ao serviço da Juventus (batendo o Ajax por 1-1 e 4-2 no desempate por penáltis). No ano seguinte saindo da Juventus para o Dortmund, Sousa repetiu a dose e logo frente à sua ex-equipa (3-1 à Juventus). Primeiro bicampeão europeu ao serviço de clubes estrangeiros
Seguir-se-iam, de 2002 a 2024, alguns dos melhores jogadores portugueses: Luís Figo (2001/2002), Rui Costa (2002/2003), Deco (2005/2006), Ronaldo (2007/2008, 2013/2014, 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018), Nani (2007/2008), Ricardo Quaresma (2009/2010), Bosingwa (2011/2012), Fábio Coentrão (2013/2014 e 2016/2017), Pepe (2013/2014, 2015/2016 e 2016/2017), Rúben Dias (2022/2023) e Bernardo Silva (2022/2023).
Assim, até final deste sábado, houve 12 futebolistas portugueses a vencer a Liga dos Campeões ao serviço de uma equipa estrangeira. Em Munique, mais quatro se podem juntar a este clube tão restrito: Nuno Mendes, Vitinha, João Neves e Gonçalo Ramos. Todos nascidos já no Século XXI. Os primeiros, aliás.