
Depois do empate frente ao Arouca, Rui Borges, treinador do Sporting, analisou aquilo que considerou um «jogo estranho», define o autogolo de Rui Silva como «surreal», mas, face à diminuição da distância do Benfica para os leões, relembra: «Ainda somos primeiros.»
— Um jogo que fez lembrar a Lei de Murphy: tudo o que podia correr mal ao Sporting, correu.
— Sim, é um jogo muito estranho. Não entrámos bem, a controlar o jogo. Acabámos por dar confiança ao Arouca num golo surreal, que não pode acontecer, e esse golo deu-nos instabilidade. Fomos perdendo algum equilíbrio num primeiro momento de construção, sem o Arouca ser muito pressionante. Apanhou-se a ganhar 1-0 do nada, aproveitou essa insegurança da nossa parte. Fomos crescendo, o Arouca viu-se a ganhar 1-2 num lance em que há centenas iguais. É pena que só às vezes é que se lembrem de marcar nesses lances. Foi uma primeira parte muito emotiva, fomos perdendo o equilíbrio emocional, não podíamos, tínhamos de manter a confiança. Na segunda parte, entrámos muito bem. A segunda parte que fica manchada e estragada pela expulsão do Morten [Hjulmand] e, depois, foi correr atrás do prejuízo. É valorizar o que os rapazes foram capazes de fazer com 10 jogadores. O jogo ficou partido... podia cair para cada lado. É um jogo muito impróprio mas seguimos o nosso caminho.
— Duas lesões, uma expulsão... ficar com Gyokeres até ao fim era o plano inicial?
— Sim, não vou fugir. Corremos algum risco. Está bem, jogou, acabou por não ser feliz a marcar. Corremos esse pequeno risco. Faz parte. Felizmente, o jogador acabou o jogo bem, só apenas cansado. Mais que isso, é lamentar a lesão do Dani, principalmente, porque parece ser algo mais delicado.
— St. Juste também já estava com queixas...
— Sim, parecia que estava ali um pouco desconfortável. Tem de passar a informação de que não se encontra bem. Não a passou e tem de ser mais inteligente nesse sentido. Mas mais que valorizar o autogolo, há que valorizar toda a entrega que a equipa teve, apesar de todas as contrariedades. Na segunda parte, tivemos de adiar, também para percebermos o que o Viktor [Gyokeres] estava capaz de fazer. Muitas contrariedades mas, mesmo dentro delas, a equipa deu uma resposta muito, muito boa. Os jogadores acabaram o jogo de rastos, ficou explícita a resiliência que tiveram, a coragem e a ambição para ganhar o jogo. Podíamos ter ganho, não ganhámos, também podíamos ter perdido. É um ponto, seguimos em frente.
— Há pouco tempo tinha seis pontos de vantagem para o Benfica, agora são apenas dois. O que é que essa diferença diz?
— Diz que ainda somos primeiros. É nisso que temos de estar focados. Estamos onde queremos. Temos de trabalhar — e temos de trabalhar imenso com tudo o que tem acontecido — para sermos campeões, mas esta equipa vai bater-se com uma valentia enorme, como hoje, e iremos ser felizes. Não tenho dúvidas nenhumas.