Martín Anselmi pediu aos jogadores na véspera que esquecessem que o jogo era de cariz decisivo, e para se focarem apenas no que podiam fazer dentro das quatro linhas. Talvez levando as palavras do novo líder (demasiado) à letra, sobretudo na primeira parte, a formação portista não foi deslumbrante, mas saiu de Belgrado com o mais importante: o apuramento no bolso.
Havia grande expectativa para perceber se o novo timoneiro dos dragões iria tentar implementar já o ‘seu’ 3x4x3, o que acabou por verificar-se, com Eustáquio, e não Alan Varela a fazer de terceiro defesa no eixo.
A primeira parte foi francamente pobre, dos dois lados, e não deixou saudades, nem mesmo ao juiz da partida, que nem um minuto de compensação concedeu. Um piso em condições deploráveis, com falhas bem visíveis e tufos de relva a saltar, não ajudou à prática de um futebol perfumado, é certo, mas a lentidão com que a maioria das ações foi levada a cabo pelos protagonistas dos dois conjuntos conferiu muita previsibilidade ao jogo, que rapidamente se tornou aborrecido e sem motivos de interesse.
Os únicos esboços de real perigo surgiram nos últimos quinze minutos do primeiro tempo. Primeiro, Danny Namaso, aos 31’, teve nos pés uma oportunidade de ouro, mas dominou mal a bola e deixou-a escapar, já no coração da área. Volvidos dez minutos, Turgeman provocou calafrios à linha recuada dos azuis e brancos, mas o nulo manteve-se, com justiça, diga-se, até à recolha aos balneários.
Mais enérgica e objetiva na etapa complementar, algo que faltara nos primeiros 45 minutos, a equipa do FC Porto entrou mais imponente, mas ainda assim não se livrou de um susto a abrir, com um ataque prometedor dos israelitas a ser travado por Eustáquio.
Sem mais rodeios, era tempo de arregaçar as mangas e colocar mãos à obra, e foi isso que os dragões conseguiram aos 58’. João Mário, com um cruzamento açucarado para a área, encontrou Nico, que cabeceou de forma letal para o fundo da baliza. Golo amplamente festejado pelos jogadores equipa técnica, e pelos quase 500 adeptos portistas no Estádio do Partizan.
A resposta do Maccabi não tardou, e foi por muito pouco que a vantagem portista não desvaneceu em poucos minutos. Davida encheu o pé e disparou à barra, do meio da rua. Sério aviso deixado a Martín Anselmi, que mexeu pouco depois na procura de refrescar a equipa.
O domínio da posse de bola foi continuando, ainda que faltassem ocasiões flagrantes que assustassem o guardião Sluga. Sem nada a perder, até porque estava com um pé e meio de fora da UEFA Europa League, a turma de Lazetic foi desenhando alguns lances e demonstrou maior atrevimento.
Aos 77’, Lemkin ficou a centímetros de festejar, depois de Diogo Costa não ter conseguido segurar o esférico. Valeu novo corte providencial de Eustáquio, primeiro, e depois de Otávio. Pouco depois surgiu da cabeça de van Overeem mais um lance impróprio para cardíacos, mas a bola saiu por cima do travessão.
O Maccabi chegou mesmo a fazer abanar as redes, mas o lance foi prontamente invalidado por posição irregular. O VAR confirmou a decisão, para desilusão dos israelitas.
Encostado às cordas na reta final, Diogo Costa agarrou a bola no último lance e fez respirar de alívio os portistas. Já se viram padrões de jogo com cunho de Anselmi, que teve apenas três dias para preparar o desafio na Sérvia. O argentino entra com o pé direito nos azuis e brancos, colocando fim a uma série negra de cinco partidas sem saborear a vitória, e logo com um objetivo cumprido.