
Jakob Ingebrigtsen é uma lenda do atletismo e aos 24 anos conquistou 27 medalhas (22 de ouro): duas nos Jogos Olímpicos, sete em Mundiais e 18 em Europeus.
Mas a vida pessoal da estrela dos 1.500, 3.000, 5.000 foi marcada por uma infância muito complicada durante muitos anos e agora, ele e os irmãos, estão em tribunal e pedem a condenação do pai e ex-treinador.
Na última audiência do julgamento, cuja sentença será conhecido em junho, pediu a palavra emocionado.
«Gostaria de dizer algumas palavras finais. Para meus irmãos e para mim, o julgamento teve consequências muito dolorosas. Os advogados de defesa atacaram a minha credibilidade, como o réu sempre fez. Sei o que vivi com o réu desde criança. E não tive motivos para mentir. Sou vítima de violência doméstica, e isso é vergonhoso. Muitas crianças enfrentam desafios semelhantes aos que descrevemos. Muitas passam por situações piores. Espero sinceramente que isso não seja esquecido quando as câmaras forem desligadas aqui», disse.
Há dois meses, o atleta descreveu assim uma infância sob controlo do pai: «Não tinha liberdade de escolha. Tudo era decidido por ele, através de manipulação e medo», afirmou Jakob ao jornal Verdens Gang. «A minha infância foi em grande parte marcada pelo medo», acrescentou Jakob.
Gjert, de 59 anos, nega todas as acusações. Se for condenado arrisca seis anos de prisão.
Há dois anos, Jakob e dois dos seus irmãos, Henrik e Filip, também atletas, acusaram publicamente o pai, Gjert Ingebrigtsen, de maus tratos durante 14 anos, num artigo na imprensa. A polícia investigou, mas apenas as queixas de Jakob e da irmã mais nova, Ingrid avançaram para julgamento.
A irmã, menor em 2022, terá sido agredida com uma toalha molhada por Gjert porquese esqueceu de levar um monitor para medição da frequência cardíaca para o treino. As marcas no corpo de Ingrid foram exibidas numa fotografia em tribunal.
Durante o julgamento, Jakob Ingebrigtsen relatou alguns momentos com o pai, que considerou «nervoso e neurótico». Certa vez, quando tinha sete anos, alguém ligou da escola para sua casa e ele disse ao pai que não sabia a razão. «Acusou-me mentir e bateu-me na cabeça várias vezes na cozinha. Congelei. Não sei exatamente quantas vezes fui espancado. Entre 10 e 20 vezes... Tentei-me proteger, mas ele agarrou nas minhas mãos antes de me continuar a bater na cabeça», descreveu o visado em tribunal.