Como tem sido visível neste início de temporada do Sporting, a principal nuance tática de Rúben Amorim tem sido a construção a quatro, com Morita a colocar-se entre o central do meio e o central externo do lado esquerdo. Este último, tal como o central externo do lado direito alargam, projetando assim os alas no terreno de jogo, como é possível visualizar na fotografia abaixo.
Tenho um pensamento, embora que a amostra, também devido à lesão, (ainda) não seja imensa. A ideia é que este tipo de construção prejudica Morten Hjulmand.
Como é visível na imagem acima, com Hidemasa Morita mais baixo e Pedro Gonçalves à procura do espaço entrelinhas, o médio dinamarquês fica completamente rodeado de adversários, o setor intermediário do Sporting fica em inferioridade, quer numérica, quer posicional no corredor central, não tendo assim o novo capitão do Sporting espaço para receber e organizar como ele tanto gosta.
No fundo, fica menos interventivo na fase de construção e mais ligado à fase de criação e até ao último terço, seja para tentar a finalização ou para arrastar marcações, o que não o favorece.
O golo de abertura do campeonato é um belo exemplo destas novas sinergias. Hidemasa Morita a baixar, Eduardo Quaresma a alargar (saída curta pela direita), Francisco Trincão abaixar para receber e Geovany Quenda, de pé trocado e com largura máxima a servir Viktor Gyokeres na profundidade, com a defesa rioavista já completamente desposicionada.
É certo que esta dinâmica oferece a Rúben Amorim múltiplas combinações nos corredores laterais, entre central externo, ala e avançado interior ou ainda uma ligação direta entre central externo e Viktor Gyokeres.
O objetivo primordial é apresentar variabilidade tática na construção, já que obviamente Rúben Amorim não prescindirá da sua construção habitual a três, e atacar melhor utilizando a capacidade de passe de Zeno Debast, Gonçalo Inácio e Ousmane Diomande (caso alinhe como central externo), ou saídas em drible de Eduardo Quaresma, para perfurar o bloco adversário, com menor exposição. Esta nuance permite ainda explorar ao máximo a largura do terreno de jogo.
A pergunta que eu me tenho feito é “Porque é que não é Morten Hjulmand o joker que baixa para construir”? E não consigo encontrar a resposta, terá que ser Rúben Amorim a responder, caso ainda não o tenha feito.
Constato assim, que talvez por isto, tendo estado Morten Hjulmand ausente e não querendo dizer que a equipa joga melhor sem ele, tenha surgido a melhor exibição do Sporting na ainda curtíssima temporada, na visita ao Nacional.