Vasco Uva, o capitão da primeira seleção portuguesa de râguebi a disputar um Mundial, disse este domingo que a atual geração "merece as duas qualificações consecutivas", mas advertiu que a presença na competição "tem de ser sustentável".

"É uma geração forte, que conseguiu duas proezas muito importantes para o râguebi português. É certo que as condições são, hoje, mais favoráveis [do que em 2007], mas estiveram muito bem, fizeram bons jogos e merecem as duas qualificações consecutivas", comentou o líder da 'alcateia' de 2007, em declarações à agência Lusa.

O apuramento conseguido, mais de dois anos e meio antes do arranque do Austrália'2027, poderá proporcionar uma preparação "ainda melhor" do que em 2023, quando foi conseguido no torneio de repescagem, 10 meses antes do França'2023, e do que em 2007, quando a qualificação foi conseguida "seis meses antes", num playoff.

Uva destaca que "o espaço" de tempo para preparar o grupo "tem vindo a alargar", o que permite um maior investimento na preparação, mas adverte que "o retorno" das participações de Portugal no Campeonato do Mudo "não pode ser canalizado só para a seleção atual".

"Tem de ser investido nas gerações mais baixas, para que a presença no Mundial possa ser sustentável de quatro em quatro anos. O râguebi português tem capacidade para ser sustentável, mas tem de investir nas bases para não ficar dependente da inspiração de uma ou outra geração", apontou.

Em 2007, Portugal deixou o Mundial com quatro derrotas e apenas um ponto conquistado, um bónus defensivo na derrota com a Roménia (14-10), mas em 2023 conseguiu, frente às Fiji, a sua primeira vitória de sempre (24-23) na competição.

Questionado pela agência Lusa sobre os objetivos a que os Lobos podem apontar em 2027, na Austrália, o atualmente vice-presidente do Direito lembrou que "ainda não sabemos quem serão os adversários", uma vez que o sorteio ainda não se realizou, nem "como vamos estar em 2027".

"Mas o objetivo de, pelo menos, igualar 2023, deve estar sempre presente. Portugal tem ser ambicioso e querer sempre mais, mas deve, pelo menos, conseguir uma vitória, tal como em 2023", definiu.

Para isso, importa, agora, fazer a melhor classificação possível no Rugby Europe Championship 2025 (REC25), no qual "os adversários estão muito fortes", para conseguir "um bom grupo" no sorteio, uma vez que a classificação final do Europeu vai definir o escalonamento das quatro seleções apuradas na Europa.

Ainda assim, destacou Vasco Uva, ter conseguido o apuramento mais de dois anos antes do Austrália2027 também pode ser "uma oportunidade" para elevar o desempenho.

"Tendo dois anos para preparar esta presença, é possível formar jogadores, com una políticas diferentes, para estarem presentes em 2027. Sabemos as lacunas, as posições que estão mais debilitadas, mas temos dois anos para trabalhar. É tempo suficiente", concluiu.

Portugal apurou-se para o Mundial de râguebi Austrália'2027, após vencer a Alemanha, por 56-14, no Estádio do Restelo, em Lisboa, resultado que assegurou, pelo menos, um dos dois primeiros lugares no Grupo B do REC25 e o consequente apuramento direto para a competição.

Esta será a terceira presença dos Lobos em 11 edições da maior competição internacional da modalidade, que se disputa de quatro em quatro anos, desde 1987.

O próximo Campeonato do Mundo vai ser disputado entre 1 de outubro e 13 de novembro de 2027, na Austrália.