Em Portugal, apesar de terem maior nível de escolaridade do que os homens, as mulheres continuam a ser alvo de desigualdades no mercado de trabalho: recebem menos, têm mais contratos precários, maior risco de pobreza e ocupam menos cargos de liderança. Na União Europeia, Portugal é um dos países em que há mais mulheres a trabalhar (e a tempo inteiro). Os resultados são da Pordata, no âmbito do Dia Internacional da Mulher.

Se por um lado as gravidezes na adolescência diminuíram, por outro, aumentaram em grupos etários mais avançados.

Adicionalmente, as mulheres têm adiado a maternidade. Em média, têm o primeiro filho depois dos 30 anos.

As mulheres estão em maioria em Portugal - por cada 100 existem 92 homens - e tendem a viver mais. A partir dos 100 anos, há quatro vezes mais pessoas do sexo feminino do que masculino.

Disparidade de salários: mulheres ganham menos

De acordo com a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, apesar do maior nível de escolaridade, com mais mulheres no ensino superior, estas ganham menos do que os homens em todos os setores, sem exceção.

SIC Notícias

Em 2022, as mulheres tinham um salário médio de 1.054 euros, enquanto os homens ganhavam 1.217 euros.

Em média, o sexo feminino ganha menos 16% do que o masculino. A disparidade aumenta com a progressão de carreira. Nos cargos de topo, a diferença vai até aos 26%, o que equivale a menos 760 euros para as mulheres. A desigualdade é ainda maior se forem contabilizados subsídios, prémios e horas extra.

A acentuada desigualdade salarial pode ser explicada, segundo a Pordata, por 49% das mulheres terem profissões de categorias com remunerações mais baixas ("Trabalhadores não qualificados", "Pessoal administrativo” e "Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores por conta de outrem").

Nos cargos de liderança, as mulheres representam ainda uma pequena fatia, apesar dos avanços da última década.

Adicionalmente, têm contratos de trabalho precários, principalmente as mais jovens, entre os 25 anos e os 34.

O risco de pobreza é também maior nas mulheres, sobretudo a partir dos 65 anos, devido às pensões de velhice e invalidez inferiores às dos homens.

Comparação com União Europeia

Em comparação com os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), Portugal é o sexto país onde as mulheres têm o primeiro filho mais tarde.

Está entre os países da União Europeia com menos mulheres nem-nem (jovens entre os 15 e os 29 anos que não estudam nem trabalham).

Portugal é também um dos países em que há mais mulheres a trabalhar (84%), um valor muito acima da média da UE (77%). Fazem-no a tempo inteiro, ao contrário de países como a Áustria, Alemanha e Países Baixos, em que mais de 65% das mães só trabalha em 'part time'.