Em menos de cinco meses, o continente africano ultrapassou o número total de infecções documentadas no ano passado.

"A mensagem é que se registou um aumento acentuado da cólera em 2025. Se compararmos com os anos anteriores, vemos que em 2025 temos 110.000 casos só nos primeiros cinco meses", disse o diretor-geral dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), Jean Kaseya.

Estes números contrastam com os quase 109 mil casos registados em todo o ano de 2023 e as 93.376 infecções documentadas no ano passado.

"Isto significa que precisamos de nos sentar e falar" sobre como resolver a crise, disse Kaseya, afirmando que os especialistas da agência irão avaliar a situação numa reunião do Grupo Consultivo de Emergência, provisoriamente agendada para o final de maio.

A doença é particularmente prevalente em Angola, Sudão do Sul, República Democrática do Congo (RDCongo) e Sudão, que representam cerca de 83% de todas as infecções em África este ano e 92% por cento das mortes.

Em Angola, desde o início do ano, morreram 609 pessoas, com 19.605 casos registados desde 07 de janeiro, com Luanda, o epicentro da doença, a liderar a lista com 6.285 do total de infeções.

Em Moçambique, a doença causou 57 mortes desde outubro de 2024, com um total de quase 3.600 casos.

Por região, a África Oriental é responsável por 55% dos casos (impulsionados pelo Sudão e pelo Sudão do Sul); a África Central, 21% (RDC); a África Austral, 20,1% (Angola); e, em último lugar, a África Ocidental, com 3,9% das infecções.

A cólera é uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria 'Vibrio cholerae' e está principalmente associada a más condições de saneamento e a um acesso limitado a água potável.

Pode causar diarreia aquosa aguda grave, com morbidade e mortalidade significativas, uma vez que a velocidade de propagação depende dos níveis de exposição, da vulnerabilidade da população e das condições ambientais.

Embora seja uma doença tratável que afeta tanto crianças como adultos, pode ser letal se não for tratada a tempo.

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