Numa atualização especial do relatório trimestral sobre a economia global, divulgada na quarta-feira, a Fitch sublinhou que um crescimento inferior a 2% seria o valor mais fraco desde 2009, excluindo o período da pandemia de covid-19.

A agência "reduziu drasticamente" as previsões feitas em março, incluindo cortando em 0,4 pontos percentuais o crescimento mundial e em 0,5 pontos percentuais o crescimento tanto dos EUA como da China.

A Fitch espera que a economia norte-americana cresça 1,2% em 2025, mas alertou que irá abrandar ao longo do ano, para apenas 0,4% no último trimestre.

A agência reviu em alta, para mais de 4%, a previsão para a inflação nos Estados Unidos, "o que implica uma estagnação dos salários reais".

A enorme incerteza política está a prejudicar as perspetivas de investimento empresarial, a queda dos preços das ações está a reduzir a riqueza das famílias e os exportadores dos EUA serão atingidos por retaliações", alertou a Fitch.

Quanto à zona euro, a agência prevê que o crescimento fique "muito abaixo" de 1%, enquanto a economia da China deverá crescer menos de 4% tanto este ano como em 2026, aquém da meta de 5% fixada por Pequim.

A economia da China cresceu "mais rapidamente do que o esperado" em 2024, mas o comércio líquido foi responsável por um terço do crescimento, sublinhou a Fitch.

"Isto diminuirá drasticamente à medida que os exportadores se esforçam por redirecionar as vendas no curto prazo", referiu a agência.

Os aumentos das tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações, anunciados pelo Presidente norte-americano Donald Trump "foram muito piores do que o esperado", admitiu a Fitch.

"É difícil prever a política comercial dos EUA com alguma confiança, mas agora assumimos que a taxa média das tarifas efetivas dos EUA sobre a China permanecerá acima dos 100% durante algum tempo, antes de cair para 60% no próximo ano", referiu a agência.

A Fitch espera que as tarifas dos Estados Unidos sobre outros parceiros comerciais, incluindo a União Europeia, deverão rondar 15%.

O relatório reviu também em baixa a expetativa para o crescimento económico do Brasil, que deverá ficar por 1,8% tanto em 2025 como em 2026, menos 0,1 pontos percentuais do que na previsão de março.

Há duas semanas, a Fitch já tinha alertado que muitos países deverão cair em recessão económica após os Estado Unidos terem imposto tarifas a níveis vistos pela última vez por volta de 1910.

"Isto muda as regras do jogo, não apenas para a economia dos EUA, mas para a economia global. Muitos países provavelmente acabarão em recessão", enfatizou o chefe de análise económica da Fitch nos EUA, Olu Sonola.

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