
A directora executiva adjunta da Fundação África-Europa, Holy Ranaivozanany, considera que as presidências de António Costa no Conselho Europeu e do Presidente angolano, João Lourenço, na União Africana são uma oportunidade para relançar a parceria afro-europeia.
A dirigente admite que, nos últimos dois anos, registou-se um “decréscimo em termos de confiança na relação” da parte dos países africanos relativamente à União Europeia (UE).
A pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e, mais recentemente, a redução da ajuda externa, são fatores que contribuíram para esta amargura, explicou.
“Penso que existe uma percepção de dois pesos e duas medidas, de que não cumprimos os nossos compromissos e de que, no novo contexto geopolítico, África, não é vista como uma prioridade para a Europa”, afirmou à agência Lusa, à margem da conferência Ibrahim Governance Weekend, a decorrer em Marraquexe.
Na cimeira UE-África em fevereiro de 2022, recordou, “sentia-se uma grande energia e foram feitos compromissos, mas algumas semanas depois começou a guerra na Ucrânia e, obviamente, houve uma mudança e a Europa começou a prestar mais atenção ao Leste”.
Mais recentemente, a redução da ajuda externa europeia para investir no rearmamento acentuou o sentimento de abandono pelos africanos.
No entanto, Ranaivozanany tem esperança que possa ser dado um novo impulso à relação, e que a lusofonia possa desempenhar um papel.
“Contamos com a nova liderança da UE para reformular uma nova dinâmica, com pessoas como António Costa, que tem interesse nos países [africanos] lusófonos, e a nova liderança também na União Africana, de modo a definir uma nova direcção e a reiniciar a relação”, afirmou à Lusa.
A directora executiva adjunta da Fundação África-Europa sugeriu a possibilidade de uma nova cimeira UE-África ainda em 2025, “que poderá ter lugar em Angola”.
O desenvolvimento de projectos ligados à energia, o combate aos fluxos financeiros ilícitos e o investimento na capacidade industrial em África são alguns dos sectores que considera ser de interesse mútuo.
“Têm-se registado progressos. Por exemplo, desde 2022, a Europa assumiu o compromisso de ajudar na instalação de fábricas de vacinas em África e isso foi feito em oito países até agora”, exemplificou, citada pela Lusa.