O general angolano Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” usou nesta Segunda-feira várias vezes o termo “inverídico” para negar acusações do Ministério Público, como a de que passou parte de projectos habitacionais pagos pelo Estado a interesses privados.

“Não me apropriei de nenhum edifício [como] diz a acusação, porque não dividi nenhum projecto”, respondeu Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, que é arguido no processo juntamente com o também general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, Fernando Gomes dos Santos, Yiu Haiming, e as empresas China International Found (CIF), Plansmart International Limited e Utter Right International Limited.

“Kopelipa” começou a ser ouvido em interrogatório pela juíza conselheira relatora Anabela Valente, numa sessão que arrancou com a contestação pelo representante oficioso da CIF Angola à acusação do Ministério Público, o qual requereu ao tribunal a absolvição e restituição dos bens da empresa por inexistência de comportamentos que possam ser considerados crime.

A sessão ficou igualmente marcada pelo indeferimento do tribunal a uma questão levantada pela defesa sobre a presença na câmara criminal de um dos juízes conselheiros adjuntos colocado também na câmara do cível, estando a praticar e a decidir simultaneamente atos judiciais nas duas câmaras, o que pode gerar “nulidade insanável”, tendo a defesa interposto recurso.

O tribunal seguiu para o interrogatório ao primeiro dos sete arguidos, acusado dos crimes de tráfico de influências, branqueamento de capitais, peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa e abuso de poder.

“Kopelipa”, que preferiu responder ao interrogatório de pé, apesar de o tribunal ter oferecido a possibilidade de se sentar, disse que há “confusão” nos factos apresentados pelo Ministério Público, que são “inverídicos”.

Segundo afirmou, não houve nenhum contrato de empreitada entre o Gabinete de Reconstrução Nacional do Governo de Angola (GRN) e a CIF Angola.

De acordo com a acusação, diz a Lusa, o projecto de habitação social Zango Zero era público, mas em 2010 foi repartido em dois, passando para uma entidade privada, o que foi rejeitado pelo arguido.

O Estado, segundo o general “Kopelipa”, figura ligada ao ex-Presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos (já falecido), foi responsável pela construção de apenas 22 edifícios naquele projecto de habitação social em Luanda, e os restantes eram de iniciativa da CIF Angola, os quais chegaram a ser visitados pelo ex-chefe de Estado.