Porque a união traz mais força e a escala conta quando estão em causa temas relacionados com políticas públicas, uma frente ibérica pode conseguir resultados que Portugal e Espanha, a solo, não alcançariam. Terá sido esse o ponto de partida que levou António Cunha Vaz e Alfonso Alonso a juntar-se numa aliança estratégica ibérica para "gerir assuntos públicos de alto nível", numa altura em que, ao que tudo indica, a lei do lóbi, que vai balizar a atividade de políticos mas também o setor da comunicação, está mais perto de ver a luz do dia.
Com escritórios em Lisboa, Porto, Madrid e Barcelona, a H/Advisors CV&A e a Acento são as sociedades líderes em assuntos públicos de Portugal e Espanha, respetivamente, reunindo em conjunto mais de uma centena de profissionais especializados nas áreas mais relevantes dentro deste desígnio, da tecnologia e energia ao setor financeiro e ambiente, passando por saúde, turismo ou defesa.
Sucessivamente adiada, a vontade de regulamentar o lóbi foi finalmente aprovada na generalidade, em janeiro, mas as regras que assistirão a criação de um registo de transparência da representação de interesses junto do parlamento ainda terão de ser desenhadas, após debate na especialidade que consiga reunir o amplo consenso desejado — e que impediu a aprovação a mata-cavalos no final da anterior legislatura.
"Esperamos pela rápida regulamentação, em Portugal, da representação legítima das empresas e organizações, para podermos operar com a mesma transparência e registo, como fazemos em Bruxelas, por exemplo", admite ao SAPO fonte da H/Advisors CV&A, questionada na sequência do anúncio da criação de uma aliança estratégica ibérica com a Acento para temas de políticas públicas.
Recorde-se que, também neste mês, o próprio António Cunha Vaz foi anunciado como presidente executivo da H/Advisors, assumindo a liderança do aconselhamento estratégico no novo braço de public affairs da empresa em Bruxelas, com o objetivo de "reunir uma equipa internacional de especialistas para fornecer serviços de aconselhamento de classe mundial no coração da política europeia", adiantou então a sociedade, assumindo a presença em Bruxelas como estratégica para dar aos clientes "uma orientação personalizada sobre regulamentações da União Europeia, estratégias de políticas públicas e envolvimento com stakeholders".
Agora, dá mais um passo no mesmo sentido. "Ao juntar a CV&A à Acento — uma das agências líder em Espanha — abre-se portas a uma partilha de experiência e de valor para os clientes em ambos os mercados", revela ainda a mesma fonte, explicando que esta aliança será liderada por Diogo Belford Henriques , do lado da CV&A, e David Álvaro, pela Acento. "Tendo a coordenação da equipa da CV&A, Diogo Belford Henriques irá assegurar a ligação com os clientes portugueses no mercado espanhol e com os clientes com base em Madrid interessados em Portugal, em articulação com David Álvaro."
Com esta aliança, as sociedades poderão oferecer serviços com base na carteira de clientes de projetos conjuntos "que tem estado informalmente ativa e em crescimento no último ano", endereçando os assuntos públicos ibéricos de forma relevante para as empresas que precisam deste tipo de escala.