
O Governo da Guiné-Bissau está confiante na elevação das ilhas Bijagós a Património Natural Mundial, como reconhecimento daquelas que já são um “santuário da biodiversidade” do mundo.
A posição foi expressa pelo ministro do Ambiente, Biodiversidade e Açcão Climática, Viriato Cassamá, que chefia a delegação guineense na 47.ª reunião do Comité do Património Mundial, que decorre até dia 16, na sede da UNESCO, em Paris, França.
A decisão sobre as candidaturas de sítios que desejam ser reconhecidos como Património Mundial está marcada para 11 de Julho, e as Bijagós estão na lista de 32 candidatos que conhecerão a decisão da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
A “expectativa é grande” por parte da Guiné-Bissau, vincou o ministro, 14 anos depois da primeira candidatura, em 2011, rejeitada com uma série de recomendações, que Bissau garante foram tidas em conta nesta segunda candidatura, apresentada em Fevereiro de 2024.
A candidatura teve parecer favorável do Comité de Avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), com a recomendação da inscrição das Bijagós na lista de sítios Património Mundial.
Se a Unesco aceitar, este será o primeiro “património mundial” da Guiné-Bissau, atribuído às ilhas paradisíacas, pouco conhecidas do turismo internacional, mas reconhecidas pelo mundo científico como “um santuário ecológico”, enfatizou o governante.
Estas ilhas, na costa ocidental de África, principalmente o núcleo candidato à Unesco (Orango, Pilão e João Vieira) “albergam muitas espécies raras como as tartarugas verdes” ou “uma floresta incomensurável de mangais que são sítios de reprodução de recursos, como o camarão e também servem de proteção costeira”.
“É uma zona praticamente virgem”, apontou o ministro, recordando que já são áreas marinhas protegidas, concretamente três parques naturais, o que, defendeu, “ajudou sobremaneira ainda mais a conservação da biodiversidade existente na zona”.
“Os Bijagós não comportam só a biodiversidade da Guiné-Bissau como a nível do mundo”, reiterou, explicando que “há estudos científicos feitos” que mostram que “há uma linha de emigração das tartarugas marinhas que sai dos Bijagós e vai até Suriname, passa pelo Brasil”.
Um “hotspot [local] da biodiversidade mundial”, que o Governo guineense promete manter associado ao desenvolvimento sustentável.
O ministro do Ambiente adiantou que está a ser pensado “um plano de ação para que haja um equilíbrio entre a preservação do ambiente, a preservação da biodiversidade e turismo”.
O ministro defendeu que é possível o equilíbrio entre a conservação e desenvolvimento e destacou a candidatura à Unesco como “um marco significativo para todo o trabalho” que está a ser desenvolvido na Guiné-Bissau com a infra-estruturação do país e o crescimento da economia apontado pelas agências internacionais.
Se a Unesco confirmar a inscrição das ilhas Bijagós na lista do Património Mundial vai haver festa na Guiné-Bissau, mas “ainda é segredo”.
“Irá ser o primeiro sítio Património Mundial da Unesco na Guiné-Bissau, com certeza vamos ter que fazer algum barulho no bom sentido da palavra”, disse à Lusa.