
A embaixada de Cabo Verde em Portugal inaugurou, nesta quinta-feira, em Lisboa,o primeiro Espaço Investidor da Diáspora, um local de apoio parapromover e facilitar o investimento da comunidade cabo-verdiana e de empresas estrangeiras no país.
Este espaço, financiado pelo Fundo de DesenvolvimentodaOrganização Internacional para as Migrações (OIM), resulta de uma parceria entre a agência das Nações Unidas e o Ministério das Comunidades cabo-verdiano.
A cerimónia de inauguração ocorreu na embaixada, em Lisboa, na presença do ministroda Promoção de Investimentos e Fomento Empresarial e ministro da Modernização do Estado e da Administração Pública,Eurico Monteiro, do chefe-responsável pela missão daOIM em Portugal, Vasco Malta, da encarregada de Negócios da Embaixada de Cabo Verde em Portugal,Ana Pires, entre outras figuras diplomáticas cabo-verdianas, cidadãos da diáspora e empresários.
Segundo explicou o representante da OIMna sessão, o objetivo é que sejam criados 12 “Espaço Investidor da Diáspora”, sendo que o primeiro foi hoje inaugurado na capital portuguesa.
Eurico Monteiro explicou, em declarações à Lusa, que, no âmbito europeu, pondera-se a criação de espaços em países como Espanha, França e Itália,estando também previstos para os Estados Unidos da América – onde está presente a maior comunidade cabo-verdiana no estrangeiro – e no próprio continente africano, nomeadamente na região ocidental, devido à presença do paísna CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).
O ministro salientou que serão recrutadas pessoas com capacidades técnicas na área da economia, gestão, negócios e empresas para trabalharem nestes gabinetes e ajudarem no que for necessário.
Durante a apresentação do escritório, o representante da OIMsalientou que as remessas de emigrantes podem representar 18% do PIB (Produto Interno Bruto)cabo-verdiano. No entanto, o ministro especificou à Lusa que existem várias remessas que não estão categorizadas nesta secção, como as que são enviadas por barcos, por correios, ou o investimento “que não entra neste circuito”.
Por isso, o representante do executivo cabo-verdiano estima que as remessas podem ser superiores e que existem condições para que aumentem echeguem“a atingir um terço do PIB”.
Na opinião do ministro, todo o investimento é bem-vindo a Cabo Verde, mas quando este vem da diáspora representa “uma conexão mais forte com a terra [natal]”.
“Do ponto de vista económico, do ponto de vista financeiro,obviamente que nós estamos interessados nos investimentos de uma forma gerale, particularmente, nos investimentos externos”.
Segundo salientou, o turismo tem sido a “grande área” de captação dos investimentos, mas o esforço centra-se agoranas questões da sustentabilidade, através da “Energia Azul e da Energia Verde”, nos setores público e privado, e nas questões tecnológicas, sendo que há pouco tempo foi inaugurado o “Parque Tecnológico do Mindelo”, na Ilha de São Vicente,que sucedeu ao da Praia, na Ilha de Santiago.
Questionado ainda sobre as atuais políticas migratórias em Portugal, respondeu à Lusa que “Cabo Verde não tem razões para mudar a sua política neste momento” (…) até por razões económicas, pela necessidade de investimentos.
“Nós fazemos isto porque queremos investimentos.Sabemos que os países europeus, de uma forma geral,ou os Estados Unidos da América, quando procuramCabo Verde,não procuram propriamente o paíspara ter emprego,mas sobretudo para criar empresas e para criar emprego”, explicou.
“Portanto, para nós é uma vantagem queobtemos.Esta é uma opção de fundo (…) E as relações com Portugal são históricas”, concluiu.
As remessas dos emigrantes para Cabo Verde atingiram um recorde de 30,6 mil milhões de escudos (278 milhões de euros) em 2024,segundodados consultados em 16 de junhopela Lusa, sendo que os emigrantes em Portugal contribuíram com a maior parcela (32%).
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50