O líder da oposição moçambicana, Venâncio Mondlane, denuncia o encerramento de “dezenas de indústrias estratégicas” e mais outras “dúzias de fábricas que poderiam hoje estar a gerar milhares de empregos”, posicionando o país como uma referência.

Mas por outro lado, referiu, “abriram-se fábricas de bebidas alcoólicas espirituosas”, o que denota “falta de políticas económicas eficazes substituídas por um projecto de alienação partidária e empobrecimento social”.

Mondlane considera que Moçambique está refém de uma nova forma de colonização interna, assinalando que a celebração dos 50 anos de independência deve ser um momento para “reflexão profunda”.

“O país continua refém de uma nova forma de colonização, o neocolonialismo. A liberdade conquistada com sangue e sacrifício foi rapidamente usurpada por uma elite que perpetua um regime de terror financeiro, político e social contra os próprios irmãos da mesma raça”, escreveu Venâncio Mondlane na sua página do Facebook.

Mondlane acrescenta que os libertadores de ontem tornaram-se hoje “piores colonizadores” e “insensíveis ao sofrimento do povo, intolerantes à crítica, e cada vez mais autoritários”.

“A intolerância política alastra-se como um ‘câncer’ [cancro]: vozes divergentes silenciadas, opositores perseguidos até mesmo abatidos, e a liberdade de expressão reprimida em nome da estabilidade do regime”, acusou.

“Moçambique, volvidos cinco décadas, regrediu a um ponto alarmante: hospitais públicos usam papelão em substituição do gesso porque há escassez em unidades sanitárias; escolas são improvisadas sob árvores; professores, médicos e servidores públicos imploram pelo próprio salário e subsídio”, denunciou.

Para o ex-candidato presidencial, citado pela Lusa, não existe independência quando as decisões soberanas “dependem da autorização ou financiamento do Ocidente” e o poder político interfere descaradamente no judicial e legislativo, “anulando qualquer esperança de equilíbrio democrático e justiça verdadeira”.

“Hoje, mais do que nunca, é necessário repensar o significado de independência. Não basta a ausência do colono estrangeiro, é preciso erradicar o colonizador interno, restaurar a dignidade, a Justiça e o verdadeiro poder do povo”, anotou.