
Os cinco maiores bancos nacionais fecharam a primeira metade do ano com um resultado líquido de 2,61 mil milhões de euros. Apesar da queda das taxas de juro e os maiores custos continuarem a corroer as margens das instituições, o resultado está apenas 0,4% abaixo dos 2,62 mil milhões registados no primeiro semestre de 2024.
Três dos cinco maiores bancos registaram uma subida no lucro. Este aumento não foi, no entanto, suficiente para compensar as quedas do BPI e do Santander Portugal. No banco detido pelo espanhol CaixaBank, o resultado teve uma descida de 16% em termos homólogos, para 274,5 milhões. Já o Santander Portugal fechou o semestre com 503,9 milhões, menos 8% do que em 2024.
Em terreno de crescimento aparece o Novo Banco em destaque, com um incremento de 17,4% no lucro, ascendendo a 434,9 milhões. Em segundo lugar, mais modesto, aparece o Millennium BCP, cujo resultado aumentou 3,5%, para 502,3 milhões. Por fim, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) chegou ao final do segundo trimestre com um lucro de 893,2 milhões, uma subida de 0,4%.
Margens continuam em queda, exceto no BCP
Nas margens financeiras, o BCP continua a ser o único a escapar à deterioração, que tem resultado da redução das taxas de juro do Banco Central Europeu. Segundo as contas apresentadas pelo banco, a margem da atividade internacional – especificamente na Polónia – é o que mantém o grupo em terreno positivo neste parâmetro, com um aumento de 3,3% para 1,44 mil milhões. A nível nacional, o BCP registou uma quebra de 2,2%.
No que diz respeito à queda das margens, o Santander Portugal lidera. A instituição viu uma diminuição de 19,3% para 695,7 milhões. CGD e BPI tiveram uma redução de 10% cada, ficando em 1,28 mil milhões e 441,9 milhões, respetivamente. Já o Novo Banco teve uma margem financeira de 558,8 milhões até junho, menos 6,1% do que no período homólogo.
As carteiras de crédito continuam em ascensão. O Santander teve o maior crescimento, de 10%. O banco tinha, no final de junho, um total de crédito concedido de 51,73 mil milhões. A CGD aumentou a sua carteira em 8%, para 49,9 mil milhões.
Novo Banco e BPI ficam próximos, com o crédito a subir 7,4% e 7%, respetivamente. O banco que foi recentemente vendido ao Grupo BPCE tem agora uma carteira de 30,18 mil milhões, enquanto o BPI totaliza 32,4 mil milhões. Por sua vez, o BCP apresenta o menor crescimento, de 3,4%, mas possui a maior carteira de crédito, com 60,3 mil milhões.
Se a receita dos juros está a diminuir, há, por outro lado, um aumento generalizado das receitas vindas de comissões. À exceção do BPI, que reportou 150 milhões de receitas de comissões, 11% abaixo do ano anterior, todos os restantes viram este rendimento subir. Aqui, o Novo Banco lidera, com as comissões de gestão de contas e meios de pagamento a subir 6,1% para 90,8 milhões. No Santander, houve uma evolução de 5,7%, totalizando 245,6 milhões. Com uma subida de 4%, o BCP registou 413,8 milhões em comissões. Por sua vez, a CGD ganhou 290 milhões de euros em comissões, mais 0,35%.
Olhando para os custos das empresas, estes tiveram maior expressividade no Millennium BCP. O banco liderado por Miguel Maya gastou, neste primeiro semestre, mais 10,5% do que no ano anterior, num total de 683,5 milhões. O Novo Banco viu as despesas aumentar 7,6% para 261,2 milhões e a CGD teve custos 4% mais elevados do que na primeira metade de 2024, de 556 milhões.
Mais controlados, o BPI e o Santander tiveram subidas de 1% e 0,5%, respetivamente. O primeiro teve custos de 253 milhões e o segundo de 258,8 milhões.
Independentemente dos gastos mais ou menos controlados, todos estes bancos viram o seu rácio de eficiência piorar. No Santander, subiu 4 pontos percentuais (pp) para 27,1%. Ainda assim, esta instituição conta com o melhor desempenho neste indicador.
A aumentar 3,8 pp aparece o BPI, cujo rácio se fixou em 38,1%. A CGD perde o primeiro lugar ao registar um incremento de 3,6 pp para 29%. No Novo Banco, o rácio de eficiência subiu de 32,1% para 35,4% e no BCP houve um aumento de 2 pp para 37%.
Malparado controlado e capitalização a cair
Os bancos continuam a sua missão de reduzir o crédito malparado. Os rácios continuam baixos, em geral, e com tendência decrescente. O Novo Banco tem o valor mais alto, com 3,2%, que, por sua vez, está 0,9 pp abaixo do período homólogo. De seguida, aparece a CGD com 1,86% e o BPI com 1,7%.
O BCP salienta que o seu rácio de NPL superior a 90 dias é 1,3%, o mesmo valor do ano anterior. Já o Santander revela que o seu rácio de NPE é 1,5%, menos 0,1 pp do que em 2024. Este último não dá a conhecer o rácio NPL.
No que diz respeito à capitalização, a CGD apresenta um rácio CET1 de 20,92%, acima dos 20,26% reportados em dezembro de 2024. O BCP mantém-se em 16,2%, tal como no mesmo período do ano passado.
Os restantes três bancos apresentaram uma deterioração deste indicador. O BPI registou uma quebra de 0,3 pp face a dezembro, ficando em 14%. O Novo Banco cai 4 pp para 16,8%, em relação ao final de 2024, mas continua acima de todos os concorrentes, à exceção da CGD. O Santander tem uma descida de 5,3 pp e fica em 13,9%.