
O banco de investimento italiano Mediobanca lançou, nesta segunda-feira, uma oferta sobre o Banca Generali avaliada em 6,3 mil milhões de euros. Esta operação surge na sequência de várias Ofertas Públicas de Aquisição (OPA) em Itália desde o final do ano passado, entre as quais a OPA do Monte dei Paschi di Siena sobre o próprio Mediobanca, lançada no início deste ano.
O banco de investimento explica, em comunicado, que pretende fazer esta compra com as ações que detém atualmente na seguradora Generali, a maior de Itália e dona de 50,2% do banco com o mesmo nome. O rácio proposto é de 1,7 ações da Generali detidas pelo Mediobanca por cada ação do Banca Generali. O valor implícito da oferta é de 54,17 euros por ação – tendo em conta os valores registados a 25 de abril – com um prémio de 11,4% para os acionistas da instituição visada. O Mediobanca é o maior acionista da Generali, possuindo 13% da empresa, uma participação avaliada em cerca de 6,5 mil milhões de euros.
Dada a operação em curso do Monte dei Paschi sobre o Mediobanca, este último necessita da aprovação dos acionistas para seguir em frente com esta aquisição. Neste sentido, o banco informa que marcou para 16 de junho uma assembleia para este efeito. O negócio está também sujeito à aprovação das entidades reguladoras. A entidade estima que a oferta esteja concluída em outubro, com a nova entidade a estar integrada no espaço de um ano e a maioria das sinergias implementadas nos próximos dois anos.
De acordo com a Agência Reuters, esta não é a primeira vez que o banco tenta adquirir o rival. O Mediobanca conseguiu, na passada quinta-feira, a reeleição de Philippe Donnet como CEO da Generali, uma liderança que tem vindo a ser questionada por outros dois grandes acionistas: Gaetano Caltagirone e a Delfin. Acionistas estes que detêm também cerca de 27% do próprio Mediobanca, onde têm vindo a acusar o CEO, Alberto Nagel, de depender demasiado das receitas vindas da Generali – que representam mais de um terço do total – segundo reporta a Reuters.
Sobre o negócio em si, o Mediobanca argumenta que esta aquisição vai acelerar o plano “one brand – one culture” da instituição, transformando o grupo num “líder na indústria de ‘wealth management’”. O banco prevê duplicar as receitas na área de ‘wealth management’ para 2 mil milhões de euros, tornando-a o ‘core business’ do grupo. Paralelamente, o lucro desta vertente do negócio deve quadruplicar para 800 milhões, representando metade do lucro do grupo.
O banco estima que existam cerca de 300 milhões de euros em sinergias, com 50% em custos, 28% em receitas e 22% em financiamento. A par disto, aponta para um risco de execução baixo. Para os acionistas do Mediobanca, a instituição defende que a operação vai empurrar o RoTE de 14% para mais de 20%, com um aumento de 15% do lucro para 1,5 mil milhões e um CET1 de 14%.
Nagel, citado em comunicado, reforça que se está a assistir ao “nascimento de um líder em ‘wealth management’, que, ao combinar uma filosofia partilhada de excelência e ‘performance’, cria um novo ‘benchmark’ dentro do sistema financeiro italiano e europeu”.