A agência de notação financeira Moody’s desceu o ‘rating’ das emissões de dívida interna de Moçambique para Caa3, três níveis antes do incumprimento financeiro, ou ‘default’, devido a atrasos nos pagamentos e a uma troca de dívida.

“A revisão em baixa da notação financeira de longo prazo do emitente em moeda local reflete os graves problemas de liquidez do Governo; estes desafios devem-se principalmente às dificuldades de refinanciamento da dívida e às pressões orçamentais, que foram ainda agravadas pela agitação política e social que se seguiu às eleições gerais do início de Outubro”, escrevem os analistas da Moody’s.

Na nota que acompanha a decisão de baixar o rating das emissões de dívida interna e manter em Caa2 as emissões de dívida externa, a Moody’s explica que “estes desafios conduziram a situações de incumprimento, incluindo atrasos nos reembolsos das obrigações nacionais e ao início de leilões de ‘swaps’ da dívida interna destinados a gerir o perfil de maturidade”, que a Moody’s diz configurarem uma troca problemática.

A decisão da Moody’s surge pouco tempo depois de a Standard & Poor’s também rever o rating de Moçambique, mas numa perspectiva mais grave, colocando as emissões de dívida interna em Incumprimento Parcial.

No final de março, o Banco de Moçambique já tinha comentado a decisão da S&P, alertando que a pressão sobre a dívida pública emitida internamente continua a agravar-se, aumentando 11,6 mil milhões de meticais (168,7 milhões de euros) desde a última avaliação divulgada pelo banco central, há dois meses.

“A pressão sobre o endividamento público interno continua a agravar-se”, referiu o banco central na informação sobre a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO), citado pela Lusa.

Acrescenta que a dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situava-se em 447,2 mil milhões de meticais (6.505 milhões de euros) no final de dezembro, um aumento de 31,7 mil milhões de meticais (461,1 milhões de euros) na dívida emitida internamente no ano de 2024.