As mulheres angolanas dedicam, em média, mais do dobro do tempo dos homens ao trabalho doméstico não remunerado, como cuidar da casa, de crianças ou de pessoas dependentes, segundo o Relatório sobre o Uso do Tempo em Angola.

No documento do Instituto Nacional de Estatística, que usa dados do Inquérito ao Emprego em Angola (IEA), referente ao 4.º trimestre de 2022, refere-se que as mulheres com 15 ou mais anos dedicam em média 5 horas e 8 minutos por dia a trabalho não remunerado, enquanto os homens dedicam 2 horas e 12 minutos.

No total, considerando trabalho remunerado e não remunerado, as mulheres trabalham 8 horas e 25 minutos por dia, ligeiramente mais do que os homens (8 horas e 2 minutos), mas têm menos tempo disponível para lazer, formação e autocuidado.

No relatório observa-se que “as mulheres participaram mais nos trabalhos domésticos não remunerados e dedicaram mais tempo na realização das actividades de cuidados a terceiros”, sublinhando que o estudo permite “identificar desigualdades de género” e apoiar a definição de políticas públicas.

Apesar do maior volume de trabalho, a taxa de participação das mulheres em actividades de formação foi de 9,3%, inferior à dos homens (11,8%). Também nas actividades de lazer, as mulheres registam menos tempo diário (2 horas e 37 minutos) comparativamente aos homens (3 horas e 27 minutos).

No conjunto das tarefas domésticas, 86% da população com 15 ou mais anos participou em alguma actividade, com um tempo médio semanal de 3 horas e 34 minutos. A confecção de alimentos envolveu 70% da população, e 65% realizaram tarefas de limpeza, com tempo médio de 3 horas e 43 minutos semanais.

O INE, diz a Lusa, evidencia ainda que os casados foram os que mais tempo dedicaram a compras quotidianas (4 horas e 27 minutos por semana), seguidos dos separados, pessoas em união de facto, solteiros, viúvos e divorciados, que despendem um terço do tempo nesta tarefa, face aos casados.