Há 65 anos Portugal era um país onde morrer jovem não era uma exceção mas uma realidade estatística e onde os indicadores de saúde traduziam défices profundos: na década de 60 do século XX, apenas 18% da população tinha acesso a cuidados médicos dignos do nome, a expectativa de vida mal ultrapassava os 64 anos e, em cada mil bebés que nasciam, 78 não chegavam a celebrar o primeiro ano de vida.

O retrato da mortalidade dava conta de um país sitiado pela doença: as patologias cardiovasculares roubavam quase um terço das vidas (29,5%) enquanto os problemas respiratórios (10,7%) e digestivos (10,6%) disputavam o segundo lugar neste. Curiosamente os tumores, hoje uma das nossas maiores preocupações, representavam apenas 9,3% dos óbitos, ligeiramente acima doenças infeciosas e parasitárias (6,1%) que ainda assolavam um Portugal que ansiava o desenvolvimento.

Foi neste cenário de carências profundas e urgentes que a Boehringer Ingelheim decidiu apostar em Portugal, onde a saúde não era ainda um setor, mas um território repleto de necessidades por satisfazer. Foi por aqui que se estabeleceu, no dia 6 de maio de 1960 e onde cresceu, acompanhando o desenvolvimento nacional, pelo que nos atrevemos a dizer que desempenhou também um papel na História de Portugal, sobretudo aquela que diz respeito à saúde, humana e animal.

Ao longo dos últimos 65 anos, muita coisa mudou. Os indicadores são outros – em 2023, a esperança de vida à nascença era de 81,17 anos e a taxa de mortalidade infantil estava nos 2,5 por cada mil nascimentos – e os números são o espelho de uma transformação que nos retirou do último lugar de muitos dos rankings no campo da saúde. É com orgulho que podemos dizer que a Boehringer Ingelheim foi muito mais do que uma simples espetadora desta evolução, contribuindo para que os números desencorajadores de outrora dessem lugar a uma mudança profunda.

Os desafios no acesso a tratamentos eficazes tornaram-se catalisadores de uma investigação que permitiu disponibilizar medicamentos inovadores, essenciais para o combate às principais causas de morte, nomeadamente para as doenças respiratóriasa e cardio-reno-metabólicas, enquanto o investimento na capacitação local contribuiu para inverter a tendência de muitos dos indicadores negativos. Um avanço que tornou ainda possível abrir as portas do País aos ensaios clínicos.

O conhecimento que, em 1960, veio da Alemanha, em forma de uma pequena empresa familiar, evoluiu para uma parceria estratégica com os profissionais de saúde, com as organizações e com a academia, numa aposta que tem sido contínua. Exemplos não faltam deste trabalho: só nos últimos 10 anos, a Boehringer Ingelheim investiu, em Portugal, mais de 20M€ em investigação e desenvolvimento, uma aposta que se estendeu à formação dos profissionais de saúde, garantindo o acesso às evidências científicas mais atuais.

E temos a sustentabilidade como um dos pilares: Comprometidos em ser carbono neutros até 2030, já atingimos 75% de eletricidade renovável e inaugurámos uma central de biomassa na Alemanha, cobrindo 95% das necessidades energéticas locais. Mas para nós, sustentabilidade é mais do que o ambiente: é equidade, acesso, literacia em saúde e apoio a causas globais, como a eliminação da raiva. Alguns exemplos a realçar são, o BI Award Innovation in Healthcare, uma distinção que reconhece iniciativas sustentáveis nos cuidados de saúde; a iniciativa Clean Air, um estudo sobre a qualidade do ar junto a unidades de saúde e de propostas de melhoria; e inúmeros projetos de mentoria e literacia em saúde em associação com a EPIS – Empresários para a Inclusão Social.

Estes 65 anos de existência em Portugal têm sido uma viagem repleta de obstáculos a superar e de conquistas e vitórias a celebrar. Mas tem sido sobretudo uma jornada de compromisso com a saúde e o bem-estar de milhões de portugueses, uma construção coletiva de um Portugal mais saudável e mais resiliente. Tem sido um privilégio contribuir para que cada português viva melhor, mais tempo e com mais saúde, ao mesmo tempo que cumprimos o nosso propósito: transformar vidas ao longo de gerações.

Vanessa Jacinto,
Head of Market Access & Public Affairs da Boehringer Ingelheim