
A rendibilidade do capital próprio (ROE, na sigla inglesa) da banca em Portugal, que mede a capacidade dos bancos gerarem lucro face ao capital investido pelos acionistas, caiu 1,54 pontos percentuais de março de 2024 para março de 2025, para 13,94%, revelou o Banco de Portugal num comunicado sobre os indicadores trimestrais do sistema bancário.
Segundo o supervisor liderado por Mário Centeno, que acaba o mandato a 30 de julho, a rendibilidade do ativo total também caiu marginalmente (0,11 p.p.), para 1,29%.
Para isso contribuiu “a redução da margem financeira, em particular a diminuição de juros e rendimentos similares em empréstimos a empresas (SNF) e particulares”, o que foi compensado pela “redução de provisões e imparidades”. O que se refletiu no custo do crédito, que caiu 0,05 pontos percentuais, para 0,14%, embora este indicador esteja ainda acima do valor registado em dezembro de 2024.
No que diz respeito aos custos, “o rácio cost-to-income aumentou 3,5 pontos percentuais face ao período homólogo, para 42,8%”, o que decorreu do “aumento dos custos operacionais (contributo de mais 2,2 p.p.)”, incluindo os custos com pessoal.
O ativo total aumentou 1,6%, refere o supervisor da banca, sublinhando os contributos dos títulos de dívida (1,6 p.p.) e dos empréstimos a particulares (0,6 p.p.) e, em sentido contrário, das disponibilidades em bancos centrais (-1 p.p.).
Já o rácio de transformação (diferença entre os depósitos e o crédito concedido) "manteve-se em 74,9%, refletindo contributos de magnitude semelhante dos depósitos de clientes (-1%) e dos empréstimos (0,9%)", e traduzindo a pouca expressão na procura de crédito. "O financiamento junto de bancos centrais continuou a ter pouca expressão", remata o comunicado.
A qualidade dos ativos melhorou nos primeiros três meses do ano. "O rácio de empréstimos não produtivos bruto (NPL) diminuiu 0,1 pontos percentuais, para 2,3%, o que traduz a redução de créditos problemáticos nas carteiras dos bancos, mantendo-se "um quadro de estabilização dos empréstimos produtivos". O rácio livre de imparidades situa-se nos 1,1%.
Os rácios de malparado (NPL) bruto das empresas (SNF) e dos particulares para habitação diminuíram para 4% (-0,2 p.p.) e 1,2% (-0,1 p.p.), respetivamente, e no segmento de consumo e outros fins, o rácio aumentou ligeiramente para 6,2% (+0,1 p.p.).
O comunicado do Banco de Portugal não dá nota dos indicadores sobre solvabilidade porque “à data da elaboração desta publicação não se encontra ainda disponível informação relativa aos fundos próprios e ao rácio de alavancagem referente ao primeiro trimestre de 2025, devido à extensão do prazo dos reportes de supervisão que incorporam o novo quadro regulatório”. A informação será atualizada em agosto.