Paulo Rosado, presidente do conselho de administração da OutSystems
Paulo Rosado, presidente do conselho de administração da OutSystems Nuno Fox

Num mundo em que a transmissão de dados é feita a velocidades cada vez maiores, todas as instituições necessitam de sistemas de informação robustos para guardar esses dados e tomar decisões. E quanto mais depressa eles forem desenvolvidos, melhor.

É aqui que entra a OutSystems, empresa fundada em 2001 por Paulo Rosado, que há um mês e meio passou a liderança executiva a Woodson Martin, gestor norte-americano que esteve 18 anos a trabalhar na Salesforce. Atualmente ocupa o cargo de presidente do conselho de administração da empresa.

A OutSystems contribuiu para tornar mais rápidos e eficientes os softwares que nos permitem utilizar portais ou apps onde compramos produtos ou serviços. Estamos a falar de um movimento conhecido em inglês como “low code”, ou “baixo código” ou “pouco código”, que permite que qualquer pessoa, mesmo que não tenha conhecimentos de programação, desenvolva uma aplicação, através de processos simples. Também pode ser conhecido como “programação sem código” ou “programação visual” – simplesmente arrastando com um ‘rato’ as diferentes peças já construídas desse software, como se de peças de Lego se tratasse, sem precisar de escrever linhas de código.

Paulo Rosado veio à Liga dos Inovadores – o podcast do Expresso que conta as histórias de inovação que têm surgido nos últimos anos em Portugal – explicar que quando a OutSystems foi fundada, a maioria dos projetos de desenvolvimento de software falhavam. Estava aí encontrada uma oportunidade de negócio: “criámos um produto que, no fundo, acelerou a automação da produção de software, removendo grande parte dos erros que estavam assentes num processamento manual de quem escrevia o software”.

“Conseguimos fazer um sistema gigantesco com apenas 30 mil objetos. Um sistema equivalente feito na linguagem Java tem cerca de 10 milhões de linhas de código, o que é muito, é descomunal. É muito mais fácil alterar um sistema com 30 mil objetos do que um sistema com 10 milhões”.

“Passados 12 anos os analistas de indústria começaram a ver que nós tínhamos muito sucesso porque começaram a receber muitas chamadas de clientes a perguntar-lhes o que é que eram os nossos sistemas, era um produto que não existia de lado nenhum”. E foi assim que a OutSystems chegou ao estatuto de ‘unicórnio’ - empresas com elevado potencial de crescimento que ultrapassam valorizações de 1000 milhões de dólares. Foi em 2018, mas Paulo Rosado não atribui relevância a esse estatuto: “Ser um unicórnio não tem importância nenhuma, não ajuda a arranjar investidores nem clientes: hoje é relativamente fácil ser um unicórnio”.

“Nascemos um bocadinho tortos: não nascemos nos Estados Unidos, mas em Portugal. É difícil criar uma empresa que fature 100 milhões de euros só a vender cá”
“Devemos muito aos nossos clientes iniciais, que apostaram numa empresa que não tinha onde cair morta. Nascemos literalmente numa garagem”

Expresso

O podcast que nos conta o que de inovador e diferenciador está a ser feito pelas empresas em Portugal. Na “Liga dos Inovadores”, Elisabete Miranda e Pedro Lima conversam com gestores, diretores e profissionais que nos contam histórias que conquistaram o mercado e vão contribuindo para a transformação económica do país e da sua imagem. Falam-nos das vitórias que os trouxeram até aqui, mas também das ansiedades, dos concorrentes que invejam, dos gestores que admiram, dos profissionais que têm e dos perfis que precisam de contratar. Todas as semanas, às quartas-feiras.