A transformação digital já não é uma mera tendência; é uma exigência essencial para a sobrevivência e competitividade das Pequenas e Médias Empresas (PME). Com o avançar da quarta para a quinta revolução industrial, caracterizada pela integração da inteligência artificial em diversos setores, as PME enfrentam desafios que procuram uma constante adaptação às novas exigências do mercado. Contudo, é crucial entender que não é necessário ser um grande player para iniciar esta jornada. A transformação digital é acessível a todos e pode ser o motor impulsionador da competitividade no nosso tecido empresarial.
Neste sentido, a iniciativa Nova SBE Voice Leadership tem como objetivo capacitar gestores e decisores de 5.000 PME, acelerando a competitividade global da economia portuguesa através de um programa nacional de formação e mentoria onde a transformação digital é um dos temas do programa. Até 2026, o Programa de Gestão para PMEs - Nova SBE VOICE Leadership - propõe-se apoiar a modernização e competitividade das decisões das PMEs nacionais e, assim, impactar positivamente o PIB português em 2%.
Ao falarmos de "Transformação Digital", devemos distinguir dois grandes blocos:
- Transformação: Refere-se à adaptação da cultura organizacional, do mindset e da estratégia. Este é
um processo profundo e interno, que implica alterar comportamentos e crenças, desafiar o status
quo e promover o trabalho em equipa em vez de meramente em grupo, para alcançar a excelência. - Digitalização: Aquela que implica a integração de soluções digitais em todas as áreas da empresa,
aumentando o valor entregue a todos os stakeholders, seja através da melhoria da eficiência operacional ou de um atendimento personalizado aos clientes, tanto internos como externos.
Para uma transformação eficaz, é fundamental que os acionistas e executivos estejam sincronizados, não apenas na execução, mas, acima de tudo, no propósito e na energia das equipas. O sucesso está no cruzamento de três variáveis críticas:
- Cultura: Relaciona-se com o propósito que orienta os esforços da empresa, assegurando que cada inovação tecnológica tem um impacto significativo e positivo na organização e na sua produtividade.
- Mindset: Trata-se da predisposição e da energia direcionada para a concretização de tarefas de um modo específico. Podemos possuir as competências internas, mas sem a mentalidade adequada. A boa notícia é que o mindset pode ser adaptado ou alterado.
- Estratégia: Corresponde à execução de ideias com uma visão clara dos objetivos da empresa, visando impulsionar crescimento e eficiência.
Mas como dar o primeiro passo nesta jornada de transformação? Partilho 10 etapas como guia:
- Compreender a Transformação Digital: Entender as suas implicações e oportunidades para o
negócio - Definir mindset e estratégia: Ter clareza sobre a predisposição, competência e conhecimento
existentes na organização - Avaliar a maturidade digital: Utilizar ferramentas para avaliar o nível de maturidade digital e gerar
ideias para evolução - Identificar áreas críticas de melhoria: Analisar detalhadamente os processos atuais e identificar
onde é necessário intervir para melhorar a eficiência - Identificar variáveis críticas: Determinar as variáveis de maior valor acrescentado ao produto e/ou
serviço, mesmo que sejam difíceis de identificar - Definir métricas de sucesso: Estabelecer critérios para avaliar o sucesso da transformação,
considerando segurança, qualidade, produção e custo - Priorizar ideias: Priorizar ideias de maior impacto e escolher parceiros tecnológicos com base na
flexibilidade, agilidade, fiabilidade e personalização desejadas - Implementar e testar rapidamente: Realizar Provas de Conceito (POC) e envolver startups pode
acelerar e ajudar na tomada de decisão - Expandir na organização: Após testes e iterações, implementar soluções de forma transversal, ajustando conforme as necessidades de cada departamento
- Estabelecer feedback contínuo: Criar um ciclo de feedback para monitorizar resultados e ajustar estratégias sempre que necessário
Assim, para uma transição digital sustentável, as PMEs devem priorizar (i) o desenvolvimento de um mindset alinhado à cultura e estratégia para enfrentar desafios atuais e futuros, e (ii) investir no upskilling e reskilling das suas equipas, aproveitando ao máximo as potencialidades tecnológicas. Isso garantirá não apenas a sobrevivência, mas também o crescimento e sucesso no panorama competitivo atual, impactando positivamente a sociedade, o ambiente e a economia.