
O novo diretor do Festival Eurovisão da Canção, Martin Green, voltou a rejeitar um possível boicote à participação de Israel na edição deste ano, defendendo que a Eurovisão "não deve ser utilizada como trampolim para sanções políticas".
A posição de Green foi reiterada no podcast 'Mysteries of the EuroVerse', na semana passada, e surgiu após a televisão espanhola RTVE ter pedido a "abertura de um debate" sobre a participação da televisão israelita KAN no festival devido a "preocupações e opiniões muito profundas sobre o atual conflito no Médio Oriente".
"Eventos como a Eurovisão têm como objetivo recordar ao mundo o melhor que pode ser. O que importa é o que nos une, não o que nos divide", defendeu o responsável.
À semelhança do que tem feito a União Europeia de Radiodifusão (UER), Martin Green afirmou que a "Eurovisão é um concurso entre organismos públicos de radiodifusão, não entre nações" e, por isso, "não deve ser utilizada como trampolim para sanções políticas".
"Esta distinção fundamental permite compreender facilmente a orientação adotada pela UER face às diversas pressões políticas", adiantou, explicando que a Rússia foi expulsa porque "o canal de televisão russo que transmitia este concurso estava ligado ao governo russo e não respeitava as regras".
Recorde-se que a participação de Israel na Eurovisão no ano passado foi bastante criticada devido ao conflito na Faixa de Gaza. Antes do evento, a organização defendeu que "o Festival Eurovisão da Canção é um concurso para as emissoras públicas de toda a Europa e do Médio Oriente". "É um concurso para as emissoras - não para governos - e a emissora pública israelita participa no concurso há 50 anos", reiterou.
Questionada sobre o facto de a Rússia ter sido expulsa do festival, em 2022, após a invasão da Ucrânia, a UER explicou que o país liderado por Vladimir Putin violou as suas "obrigações" enquanto membro e violou "os valores dos meios de comunicação social públicos".
Este ano, a estação de televisão israelita escolheu Yuval Raphael, uma sobrevivente do ataque do Hamas de 7 de outubro, como a sua representante. Já Portugal será representado pelos Napa com 'Deslocado'.
Sublinhe-se que o Festival Eurovisão da Canção 2025 realiza-se entre 13 e 17 de maio, em Basileia, na Suíça, após a vitória de Nemo, com 'The Code', na edição do ano passado.
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