São oito os artistas, todos nascidos após 1984, que têm, cada um, uma só sala dedicada ao seu trabalho em Serralves: Aria Dean, Cameron Rowland, Nour Mobarak, P. Staff, Sara Deraedt, Tarik Kiswanson e Hugo Flores e Paulo Mariz, dois artistas do Porto.

Provenientes do Líbano, Estados Unidos da América, Suécia, Palestina, Portugal, Reino Unido, Bélgica, França e Grécia, os artistas propõem-se "explorar como a matéria e os objetos são veículos de significados sociais, históricos e afetivos", lê-se no resumo distribuído hoje à imprensa numa visita guiada pelo diretor do Museu de Serralves, Philippe Vergne.

Também curador de uma mostra coletiva, a primeira que este espaço acolhe desde 2017, Philippe Vergne contou hoje que alguns artistas fizeram obras específicas para esta exposição e que a decisão de dedicar uma sala a cada um deles se deveu "à vontade de que cada obra respirasse".

Ao longo da visita, o diretor explicou o título da mostra, lembrando que por "prova material" se entende o elemento que contribui para provar um facto importante num julgamento "e, ainda que esta mostra não seja, naturalmente, um julgamento, esta reúne um grupo de artistas que exploram a materialidade com uma intenção".

Philippe Vergne destacou obras que remetem para temas como a guerra, a deslocação, a violência e as migrações, entre outros, frisando, ao apontar para uma peça que convida o visitante a refletir sobre a poluição, "que vários elementos são baseados na memória ou na ideia de que não [se pode] ignorar o que rodeia por mais românticos que [se seja]".

Em declarações à agência Lusa, Filipa Loureiro, coordenadora da mostra, contou que este projeto começou a ser produzido há dois anos, um processo que ditou a escolha de oito artistas com percursos e geografias diferentes, mas que muitas vezes se encontram em trabalhos e amizades comuns.

"Esta é uma exposição de um conjunto de artistas que é quase uma espécie de pequena bienal. Cada uma das obras, apesar de serem singularmente diferentes, completam-se neste conjunto com materiais ou detalhes que se vão construindo e que criam esta exposição conjunta e coletiva que aborda temas em comum", disse Filipa Loureiro.

À Lusa, a coordenadora acrescentou que "estes trabalhos questionam politicamente aquilo que foi a história, o passado, a relação política, económica e social com as diferentes esferas de poder".

Com várias linguagens como a instalação, a escultura, a pintura e o vídeo, "Provas Materiais" resulta, no entender de Filipa Loureiro, de um trabalho de investigação "muito denso", sendo necessário, acrescentou, "explorar e desbravar camada a camada cada um dos trabalhos para chegar às diferentes esferas com que lidam e que questionam".

A exposição vai estar patente até 16 de novembro.