A organização do festival EXIT, que se realiza anualmente na cidade de Novi Sad, na Sérvia, anunciou a sua retirada do país devido a “pressão financeira e política”.

Em causa estará o apoio prestado pelo festival aos estudantes que, em março, lideraram uma série de manifestações anticorrupção, visando o governo liderado pelo partido populista SNS.

Estas manifestações tiveram origem em novembro de 2024, após o desabamento da cobertura da estação ferroviária de Novi Sad. O acidente provocou a morte a 16 pessoas.

Desde então que a Sérvia tem registado várias manifestações anti-governo, com os estudantes a fechar a maioria das universidades públicas e privadas do país, exigindo a demissão de vários ministros e a convocação de novas eleições, apontando vários casos de corrupção como estando na origem do acidente. Uma reportagem do “New York Times”, publicada em 2023, acusou o presidente sérvio, Aleksandar Vučić, de ter ligações ao crime organizado. Em janeiro, Miloš Vučević demitiu-se do cargo de primeiro-ministro da Sérvia, após elementos ligados ao partido SNS terem agredido vários estudantes.

De acordo com a organização do EXIT, o governo em funções suspendeu todo o financiamento público ao festival. Pressionou também os patrocinadores, alguns deles de longa data, a retirar os seus apoios ao EXIT.

“Esta é a decisão mais difícil que já tivemos de tomar ao longo de uma história com 25 anos, mas acreditamos que a liberdade não tem preço", afirma Dušan Kovačević, diretor do festival, num comunicado partilhado nas redes sociais.

“Com este gesto, não estamos apenas a defender o EXIT, mas o direito à liberdade de expressão de todos os atores culturais, de todo o mundo. Convidamo-los a estarem ao nosso lado nesta luta”.

Criado no ano 2000, o festival EXIT venceu, em 2013 e 2017, o prémio para Melhor Festival, entregue pelos European Festival Awards. Este ano, irá realizar-se de 10 a 13 de julho, contando no cartaz com artistas como Tiësto, The Prodigy, Loreen, Sex Pistols com Frank Carter ou DJ Snake.