São Martinho era descendente de uma família pagã. Filho de um comandante romano, foi criado na região de Pavia, em Itália, para seguir a carreira militar e foi chamado para o exército romano com apenas 15 anos. Descobriu o Cristianismo por essa altura, mas só foi batizado em 356, quando deixou o exército e seguiu a vida religiosa.

Foi ordenado padre por Santo Hilário, bispo de Poitiers, do qual se tornou discípulo. Viajou por vários países, mas foi em França que fundou o mais antigo mosteiro na Europa, perto de Poitiers.

Também conhecido como São Martinho de Tours, cidade no sul de França onde foi ordenado bispo em 371, fundou também o Mosteiro de Marmoutier e várias igrejas na então região da Gália.

Popular devido aos milagres que lhe eram atribuídos, tinha muitos seguidores e os mosteiros que fundou tornaram-se locais de peregrinação, mas só foi beatificado em 1837.

Morreu a 8 de novembro de 397 e foi sepultado em Tours, a 11 de novembro, data que acabou por ser a escolhida para a celebração e homenagem a São Martinho em França, Portugal e outros países da Europa.

O "verão de São Martinho"

Reza a lenda que certo dia, São Martinho seguia no seu cavalo num dia de chuva e cruzou-se com um mendigo. Deparando-se com o homem cheio de frio, pegou na sua capa e cortou-a ao meio com uma espada e cobriu o mendigo com uma das partes. Pouco depois, encontrou outro pedinte e deu-lhe a parte que restava.

Estátua de São Martinho (local não identificado)
Estátua de São Martinho (local não identificado) Canva

São Martinho seguiu o seu caminho, desprotegido do frio e, conta a história, que o sol rompeu, as nuvens desapareceram e o bom tempo manteve-se durante três dias, dando origem à crença que perdura de que, por esta altura do ano, temos sempre dias de sol, no que se designa popularmente por "verão de São Martinho".

Castanhas, jeropiga e água-pé

"No dia de São Martinho, pão, castanhas e vinho" ou "no dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho", estes são dois dos ditados repetidos por esta altura.

A tradição das castanhas e dos magustos está enraizada, para isso contribui o facto de esta ser a altura do ano em que há a produção deste fruto, em geral muito apreciado e com tradição gastronómica no nosso país.

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Também o vinho do ano, resultante das uvas colhidas no final do verão, está pronto a provar, e daí essa ser outra tradição associada ao São Martinho.

Contudo, o hábito de comer castanhas realizava-se um pouco mais cedo, a 1 de novembro, no dia de Todos os Santos.

Com a passagem do calendário juliano para o gregoriano, em 1582, foram retirados 10 dias ao calendário anteriormente instituído. Os dias foram “roubados” a outubro, o que levou a que o magusto de 1 de novembro fosse celebrado a 11 desse mês, coincidindo com o dia de São Martinho. Essa alteração acabou por ficar e os magustos passaram a realizar-se nessa data.

A mudança de calendário pondo o fim ao que vigorava desde os romanos baseou-se no facto de se verificar que estava obsoleto. Os especialistas já há muito que alertavam para a falta de correspondência com o calendário solar, dos equinócios e das estações do ano.

Em Portugal é tradição comer castanhas assadas, acompanhadas de jeropiga ou água-pé, mas noutros países há neste dia tradições diferentes. Em Espanha faz-se a matança do porco, na Alemanha há doces e vinho quente e, na Bélgica, é habitual comer ganso no São Martinho.