2024 foi um ano marcante para Pedro Chagas Freitas que passou mais de três meses com o filho Benjamim internado num hospital à espera de um dador de fígado. Na entrevista que concedeu a Júlia pinheiro, começou por falar do primeiro diagnóstico feito ao menino.
“Ele nasce com um problema no fígado, que é identificado aos três meses. Um dia antes de fazer os três meses, e esta data não é [em vão] porque o que foi diagnosticado, o que nós pensamos que os médicos imaginaram quando nós vimos os sinais de alerta – e fica também esse alerta para as pessoas que tiverem crianças – sinais como a pele e os olhos amarelecidos, fezes muito claras... e foram sinais que nos fizeram tentar perceber o que se passava. E o primeiro diagnóstico foi o que era mais expectável, dado o quadro, era uma atresia, ou seja um bloqueio da via biliar”, começou por anotar.
“Se fosse uma atresia, há um procedimento que tem de ser feito até aos três meses, no limite. Há uma cirurgia que pode ser feita e que pode, por assim dizer, atrasar o transplante, um ano ou dois, para vir a ser mais viável. Este foi o primeiro diagnóstico, mas depois chegou-se à conclusão, e na altura foi uma grande notícia para nós, que era, na verdade, um défice alfa 1 antitripsina“, continuou.
Os sintomas
“Os sintomas nele eram quase sempre os mesmos, a barriga ficava maior, inchada, ficava mais cansado, sangrava muito pelo nariz (…). E ele teve de crescer assim, ele e nós, que também crescemos muito com ele assim. Foi difícil, porque apesar de ele ter uma vida normal, digamos, raramente fez períodos muito longos de escola, porque havia sempre qualquer coisa. (…) Qualquer vírus, qualquer constipação, para os outros era normal, para ele podia criar uma série de outras complicações”.
“Sabíamos que tinha de ser transplantado”
“Nós sabíamos que ele tinha de ser transplantado, não sabíamos era quando. Mas estava sempre [no horizonte]. Há pessoas que com este défice conseguem chegar [longe], alguns que nem nunca são transplantados (…), então andávamos sempre a ver, quando é que era ou não. No princípio eu queria que fosse o mais tarde possível, mas depois percebi que a qualidade de vida dele era tão reduzida que eu já queria para o quanto mais cedo melhor”, afirmou.
Por fim, o escritor rematou o que foi mais difícil em toda a situação: perceber que o menino tinha dores mas que “não contava nada a ninguém”.
O REGRESSO A CASA DO FILHO DE PEDRO CHAGAS FREITAS