Novembro de 2024. Um mês que ficará para sempre na memória dos espanhóis, sobretudo das comunidades do sul do país, sobretudo na área de Valência. A região foi afetada por fortes chuvas como há muito não se registavam e, em pouco tempo, fortes cheias destruiu (quase) tudo.
Por onde a água passou, o rasto é de destruição profunda. No final, percebe-se que há muito mais para além das perdas materiais - as perdas humanas. Durante dias, foram-se contando os números de desaparecidos, de feridos... e de mortos - que chegou a ultrapassar os 220.
Mas a situação de catástrofe demorou a ser percebida e, já vários dias depois da tragédia, os elementos do governo espanhol e também da casal real ainda não se tinham deslocado até às zonas mais afetadas, para perceberem como decorriam os trabalhos de busca e salvamento. Quando o fizeram, a fúria popular tomou conta da situação, trazendo proporções inimagináveis.
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O que começou com insultos à coroa terminou em gritos e ataques com lama contra os reis
As inundações foram registadas a 29 de outubro, mas só a 3 de novembro, quase seis dias depois da tragédia, é que elementos governamentais e também Felipe VI e Letizia começaram as suas rondas pela região, junto de forças policiais e da proteção civil, para que se apercebessem da real dimensão dos estragos (e do problema).
Desde logo, os monarcas, sobretudo, foram alvo de comentários negativos, nas redes sociais da Casa Real Espanhola. Uma primeira partilha com imagens de Felipe e Letizia no local não foi bem vista, com muitas críticas pela tardia resposta dos elementos reais e de Estado.
Mas este seria apenas o início do maior problema que se avizinhava...
Poucas horas depois de uma visita a um dos principais comandos da proteção civil espanhola em Valência, os reis de Espanha deslocaram-se para Paiporta, localidade mais afetada, juntamente com elementos do governo, como o presidente, Pedro Sanchéz.
À chegada, os populares revoltaram-se, e insultaram fortemente os líderes do país. Para além dos insultos, todos foram alvo de ataques de lama, feitos com muita violência.
No entanto, se os elementos do governo fizeram por abandonar imediatamente as redondezas, Felipe e Letizia mantiveram-se no local, acabando por concentrar, neles mesmos, a maior das iras.
Após escalada de tensão, reis de Espanha são elogiados pela restante população
Mas, numa viragem rápida e prontamente difundida, Felipe e Letizia acabaram por receber, em pouco tempo, muitos elogios da parte de centenas de súbditos da coroa.
Também pelas redes sociais, somaram-se os elogios ao facto de os reis se terem mantido no local, embora os fortes ataques de que foram alvo.
"Orgulho do nosso rei, que apesar dos insultos e 'ataques' com lama, esteve aí para dar a cara ao povo. Isso sim é um rei, que não é como o nosso presidente que fugiu", podia ler-se. "Lamento muito pelo comportamento das pessoas com os reis", "O rei esteve muito bem", "Pedro Sánchez e a sua comitiva abandonaram o local, e o rei ficou e deu a cara" ou "Estou orgulhosa dos reis que temos", foram outros dos exemplos.
Por esta altura, outras famílias reais começavam a reagir ao que se passava em Espanha, como foi o caso da mensagem endereçada por Carlos III e Camilla Parker Bowles.
O significativo regresso a Valência dias depois e a onda de aplausos e 'vivas' aos reis
Uma semana e meia depois, e também após Felipe VI já ter regressado ao local de todos os incidentes, o casal real fez questão de voltar a Paiporta. E, se antes foram recebidos com uma enchente de lama, agora eram recebido com uma enchente de palmas.
A receção aos reis foi vivida de forma entusiasmada, ainda que, no local, muito continuasse por fazer, já que o rasto de destruição se mantinha, assim como a busca por desaparecidos.
Mais de um mês depois de todos os acontecimentos, e com a situação valenciana por resolver, Felipe VI e Letizia conseguiram, ainda assim, apesar das circunstâncias iniciais, mostrar que estiveram atentos, ao lado da população, sem baixarem os braços.
Mesmo assim, as imagens de maior vulnerabilidade dos monarcas, num momento totalmente inesperado e nunca antes visto no seio das famílias reais europeias, marcou claramente o ano de 2024 para os dois.