Foi na passada sexta-feira, dia 11, que decorreu a última sessão de julgamento do processo dos Anjos contra Joana Marques, no Palácio da Justiça, em Lisboa. Na sessão da manhã foi ouvido o músico Tatanka, bem como a ré, depoimentos estes que ocuparam todo o período antes da hora de almoço, sendo que a tarde ficou reservada para as alegações finais.

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Carta intimidatória

Após Tatanka seguiu-se Joana Marques, que garantiu nunca ter feito a montagem com o intuito de prejudicar alguém esclarecendo que, no seu campo de atuação, “sempre que alguma coisa corre mal é matéria-prima para o humor” embora saiba que o seu “não é um estilo de humor que agrade a toda a gente”, apesar de considerar que “ridicularizar faz parte do trabalho do humorista”.

Joana assegurou que os cortes no vídeo do MotoGP nunca foram feitos com a intenção de dar a entender que Nelson e Sérgio Rosado não sabiam a letra do hino. “Eu andava à procura dos momentos mais engraçados”, referiu, salientando que a motivação sempre foi positiva. Apesar de os Anjos lhe terem pedido, duas vezes por carta, para retirar o vídeo da sua conta de Instagram, a humorista nunca o fez alegando “liberdade de expressão”. “Aquela foi uma carta muito semelhante a outras que recebo. Dizia qualquer coisa sobre estarem a sofrer consequências a nível pessoal e profissional. Não apaguei porque achei que não tinha que apagar”, referiu sublinhando que, na segunda missiva que recebeu, a banda ameaçou-a em recorrer a outros meios caso o vídeo não fosse retirado, algo que Joana entendeu como sendo uma “intimidação”. A humorista considera que “não há uma boa relação dos autores com o humor e com a sátira”, até porque “não existe nenhum humor que não ofenda”, motivo pelo qual decidiram avançar para a justiça.

Apesar de estarem em lados opostos da barricada, há um assunto em que ambos concordam: O cyberbullying tem de ser travado. “O que não posso estar de acordo é ter sido eu a motivar isso”, disse relativamente às mensagens de ódio que os Anjos receberam.
Luciana Rosa de Oliveira quis ainda saber porque é que Joana tinha decidido falar naquela altura, o que levou a juiz a interferir e a indeferir a pergunta. “Não há uma única pergunta que eu faça que a Dra. Juiz não interrompa”, respondeu a advogada, visivelmente incomodada.
Nas alegações finais, a causídica, além de reforçar que o valor da indemnização requerido tinha ficado justificado, requereu que Joana retire o vídeo da Internet, sob pena de ter de pagar € 2500 diários pelos danos causados, e que se retrate publicamente.

À saída do tribunal, Nelson falou em exclusivo à TV 7 Dias e abordou o impacto inverso que este processo tem tido na opinião pública que, cada vez mais, se manifesta a favor da humorista: “Estávamos à espera disso porque o caso ia ser novamente falado. Isso foi tudo equacionado. Agora as pessoas ficam com os danos e lesadas e não reclamam de uma coisa que as lesou? Não”.

A produção de prova e as alegações já terminaram. Agora, a sentença será depositada no portal Citius, sendo que só se saberá o resultado deste processo depois das férias judiciais e a previsão é que tal venha a acontecer mais perto do fim do ano.

Texto: Carla Ventura (carla.ventura@impala.pt); Fotos: Impala, Redes sociais