
No último sábado, 17 de maio, a Áustria conquistou a vitória no Festival da Eurovisão. JJ arrecadou o primeiro lugar do pódio com o tema Wasted love, ao arrecadar 436 pontos, 154 dos quais obtidos através do voto popular e 258 atribuídos pelo júri. Já o segundo lugar coube a Israel, que conquistou um total de 357 pontos. A canção interpretada por Yuval Raphael foi a favorita do público, ao arrecadar 297 pontos através do televoto, e recebeu 60 pontos do júri da competição.
Entretanto, após a final do festival, a polémica instalou-se. ARTVE — televisão pública espanhola — decidiu solicitar uma auditoria para apurar eventuais irregularidades relacionadas com o televoto em Espanha, que no passado sábado atribuiu a pontuação máxima (12 pontos) à canção de Israel.
Segundo o jornal El País, a investigação pedida à União Europeia de Radiodifusão (UER) foi motivada pelo facto de Israel ter recebido a pontuação máxima do televoto espanhol (12 pontos), apesar de não ter obtido qualquer ponto do júri profissional. A RTVE considera que os dados fornecidos pela organização não são claros o suficiente e, por isso, decidiu dar início ao pedido de auditoria.
Também a televisão pública de língua neerlandesa da Bélgica, a VRT, exigiu àorganização do Festival Eurovisão "total transparência" através de um comunicado emitido pela porta-voz da emissora, Yasmine Van der Borght, citada pela agência Efe.
De salientar que além de Espanha, a canção israelita recebeu ainda a pontuação máxima através do televoto em mais 11 países: Portugal, Suíça, Suécia, Reino Unido, Países Baixos, Luxemburgo, Alemanha, França, Bélgica, Azerbaijão e Austrália .
Em declarações à Blitz, Gonçalo Madaíl, coordenador geral do Festival e diretor de programas da RTP, afirmou que a estação também está a preparar uma resposta oficial, uma vez que Portugal se encontra numa situação semelhante. “Esclareço que o processo de votação do público no Eurovision Song Contest é da exclusiva responsabilidade da UER [União Europeia de Radiodifusão], entidade que contrata diretamente as operadoras de comunicações em cada país participante”,notou.
Primeiro-ministro de Espanha defende a exclusão de Israel
Entretanto, a polémica parece estar longe de terminar. Esta segunda-feira, 19 de maio, o primeiro-ministro de Espanha pediu a exclusão de Israel do Festival Eurovisão da Canção, e de outras competições internacionais, lembrando o tratamento dado à Rússia depois da invasão da Ucrânia, em 2022.
Durante um evento em Madrid, Pedro Sánchez referiu que "ninguém levou as mãos à cabeça" quando a Rússia foi excluída de competições desportivas e de eventos como a Eurovisão. "Também não deveria estar Israel. Não podemos permitir duplos standards, incluindo na cultura", notou, citado pela RTP.
O primeiro-ministro de Espanha considerou que "se enganam os que defendem que o setor cultural deve ser equidistante" e afirmou que "a cultura é a forma mais autêntica e livre" de expressar ideias e valores.
Estas declarações de Pedro Sanchez reforçam a mensagem transmitida em direto pela Televisión Española antes da transmissão do Festival Eurovisão da Canção: "Perante os direitos humanos, o silêncio não é uma opção. Paz e justiça para a Palestina", dizia o canal público espanhol.
Recorde-se que Pedro Sánchez é um dos líderes internacionais que mais têm criticado publicamente Israel por causa do conflito na Faixa de Gaza.