O presidente do INEM esclareceu esta sexta-feira, em entrevista à SIC Notícias, que o pré-aviso de greve feito pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar não foi ignorado.

Sérgio Dias Janeiro explicou que a comunicação foi recebida a 10 de outubro e que de imediato foram tomadas medidas "no sentido de alterar as escalas de modo a torná-las menos permeáveis à greve ao trabalho suplementar”.

"Durante o período da greve ao trabalho extraordinário dos técnicos de emergência pré-hospitalar posso dizer que o número de técnicos escalados no Centro de orientação de doentes urgentes foi sensivelmente o mesmo da média dos dias anteriores (...) portanto houve uma reação, um reajuste das escalas e na esmagadora maioria dos dias conseguimos que não houvesse o impacto da greve que poderia ser expectável", disse o presidente do INEM.

“Não prevíamos este impacto das duas greves”

O presidente do INEM explica que apesar dos esforços, que diz terem sido feitos, acabaram por não conseguir prever o impacto que a paralisação teria na segunda-feira. Neste dia, a greve obrigou à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, acabando por agravar os atrasos no atendimento da linha 112.

“Houve um atraso significativo no atendimento das chamadas, principalmente durante a manhã e início da tarde de segunda-feira. Imediatamente começamos a telefonar e a redirecionar todos os esforços para mobilizar os técnicos para o atendimento de chamadas de forma a mitigar a situação que se percebeu que estava a escalar, tendo se conseguido ao fim do dia controlar o volume de chamadas em espera e o tempo de atendimento”, explicou.

O sindicato dos técnicos de Emergência pré-hospitalar suspendeu a greve esta quinta-feira, depois de reunir com a tutela e assinar um protocolo negocial. Sérgio Dias Janeiro garantiu que o orçamento do INEM está preparado para suportar os aumentos pedidos pelos técnicos de emergência pré-hospitalar.

“Dos contactos com a tutela, há uma grande abertura para a valorização salarial , para a revisão da carreira e para o aumento do recrutamento de uma forma significativa”, garantiu.

Houve até ao momento oito mortes associadas a atrasos no socorro

Até ao momento, e em apenas uma semana, há a registar oito mortes relacionadas com falhas no Instituto Nacional de Emergência Médica. Sérgio Dias Janeiro garante que está a ser feita uma avaliação ao funcionamento do CODU.

"Posso garantir que tudo está a ser feito para criar redundâncias no sistema no sentido que esse tipo de atrasos no atendimento, que obviamente não temos um nexo causal, mais isso não vamos desvalorizar estes casos, e não vamos negar que este tipo de atrasos tem de ser eliminado, ou seja temos de criar condições para que não existam atrasos no atendimento e no socorro."

Para tentar mitigar estes problemas, o presidente do INEM esclarece que estão a trabalhar num mecanismo de triagem automática para chamadas em espera há mais de 3 minutos e que vai entrar em funcionamento muito em breve. O objetivo é garantir que não voltem a existir casos de atraso no atendimento.

“ Já estamos a trabalhar com os parceiros da saúde 24 e a muito breve prazo, dias ou horas, irá estar implementada uma salvaguarda no sistema com o atendimento automático ao fim de três minutos e linha com um questionário muito simples a procurar sinais de gravidade que derivam logo na ativação de meios para o local e depois, logo que possível, contacta-se para confirmar a situação, mas já com meios a caminho do local, e em caso em que não sejam identificados sinais de gravidade passar para a saúde 24 e desta forma criar redundâncias de modo a que este tipo de situação não volte a acontecer”, explica.