
O presidente da Câmara de Vendas Novas, no distrito de Évora, Valentino Salgado Cunha, queixou-se ao Governo dos “atrasos frequentes” dos comboios na Linha do Alentejo, que atribuiu à substituição das carruagens do Intercidades (IC).
Em comunicado, o Município de Vendas Novas indicou que as queixas constam de um ofício enviado pelo autarca (PS), na quarta-feira, ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, sobre a situação ferroviária em Vendas Novas.
Segundo a autarquia, as carruagens do serviço IC que serviam o Alentejo “foram desviadas” para a Beira Baixa, após um acidente ferroviário, ocorrido em junho, ter inutilizado as composições que existiam naquela linha, sendo substituídas por automotoras.
As composições agora colocadas na Linha do Alentejo “apresentam um limite de velocidade inferior”, em comparação com as do IC, o que “tem provocado atrasos frequentes, agravando uma situação já anteriormente sinalizada pelo município”, salientou.
No ofício, indicou a câmara, o autarca advertiu que “estes atrasos têm impactos diretos na vida dos passageiros, com chegadas tardias ao trabalho e eventuais consequências salariais para alguns utentes”.
“Um exemplo evidente é o comboio das 07:30 para Lisboa, que já se encontrava lotado antes desta mudança e, agora, enfrenta atrasos ainda mais significativos”, alegou o município.
Valentino Salgado Cunha também pediu ao Governo o reforço da oferta de comboios, aumento da capacidade com mais carruagens, revisão de horários, introdução de serviços inter-regionais e a melhoria das condições na estação de Vendas Novas.
“É evidente que o problema do transporte ferroviário é mais complexo do que apenas a questão do material circulante e é necessária uma tipologia de serviço que sirva a necessidade dos passageiros de Vendas Novas”, sublinhou, citado no comunicado.
Assinalando “o aumento exponencial de passes e viagens com origem e destino” em Vendas Novas, o autarca defendeu “uma intervenção imediata do Governo para repor a normalidade no serviço e, como dono, que garanta condições à CP”.
O município lembrou que trabalhadores, estudantes e outros utentes de Vendas Novas “dependem do comboio como meio de transporte principal”, mostrando-se disponível e empenhado para colaborar na procura de soluções.
As federações distritais de Évora e de Beja do PS e a Direção Regional do Alentejo do PCP já criticaram a mudança das carruagens do IC e exigiram a sua reposição, tendo ainda o deputado socialista Pedro do Carmo, eleito por Beja, questionado o Governo sobre o assunto.
Questionada pela Lusa, a CP – Comboios de Portugal admitiu o recurso a automotoras UTE 2240 na Linha do Alentejo, em vez do material circulante que assegurava o serviço IC, mas frisou ser “temporário”, sem revelar até quando a situação se irá manter.
A empresa também não esclareceu o motivo da alteração do serviço, mas reconheceu “escassez de material circulante para operar no IC da Linha do Alentejo”.