A Fundação Eugénio de Almeida (FEA) assinalou, a 5 de junho, os 25 anos do seu Programa de Voluntariado com a conferência internacional «Voluntariado e Inclusão: Caminhos para o Futuro», realizada no auditório do Centro de Inovação Social, em Évora. O encontro reuniu dezenas de participantes e contou com a presença de especialistas nacionais e europeus, representantes de entidades parceiras e antigos voluntários.

O presidente do Conselho de Administração da FEA e Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, traçou um balanço do caminho percorrido desde 2001, ano em que a Fundação respondeu ao desafio lançado pelas Nações Unidas com a proclamação do Ano Internacional do Voluntariado. «Passámos do sonho ao real. A utopia significa um ideal sem lugar que não pode acontecer. Aqui foi, de facto, um projeto. Porque acontece. A Fundação Eugénio de Almeida tem uma alegria enorme em poder hoje dizer que o voluntariado é uma estrada percorrida e com futuro.»

Desde a sua criação, o Programa de Voluntariado da Fundação mobilizou mais de 6.500 voluntários, em colaboração com cerca de 100 organizações da região, em iniciativas nas áreas social, cultural, ambiental e educativa. Só nos últimos anos, foram 500 jovens por ano envolvidos em ações de educação para o voluntariado em escolas e universidades.

A FEA foi também pioneira na qualificação do setor, com a criação da primeira formação certificada em gestão de voluntariado reconhecida pela DGERT, e é responsável por um conjunto de mais de 30 publicações técnicas. Em 2005, foi reconhecida como Banco Local de Voluntariado de Évora, estatuto que mantém até hoje.

D. Francisco evocou momentos estruturantes deste percurso, como a criação do Programa de Voluntariado de Proximidade, distinguido internacionalmente em 2009, e a Escola de Verão de Voluntariado, criada em 2010, que soma 15 edições.

Sobre os tempos recentes, destacou a resposta dada durante a pandemia: «Estivemos na linha da frente da vacinação e do apoio à população vulnerável, quando o contexto exigia respostas rápidas, humanas e comprometidas.»

Em 2024, o trabalho foi reconhecido com o Troféu Português do Voluntariado – categoria Excelência, atribuído pela Confederação Portuguesa do Voluntariado. Para D. Francisco, esta distinção representa «o reconhecimento de um caminho feito com dedicação, com rigor e com uma profunda ligação à comunidade».

Ao longo do discurso, o Arcebispo defendeu o voluntariado como um pilar de cidadania ativa e de transformação social: «O voluntariado não é apenas uma prática solidária, mas uma expressão de cidadania ativa, comprometida e transformadora. É um espaço de encontro, de inclusão e de construção do bem comum.»

Afirmou que «celebrar hoje estes 25 anos é essencialmente desafiar o futuro e dizer que acreditamos num voluntariado com futuro», acrescentando que «os sinais dos tempos apelam, e por isso, a nossa resposta vai ser, com toda a certeza: eis-me aqui».

D. Francisco Senra Coelho deixou ainda um apelo à participação: «Não podemos ficar num casulo encerrados. É muito importante que a cultura contemporânea se reencontre cada vez mais com esta dimensão do sair de si e ir ao encontro do outro. Deste “tu” que espera, e precisamos de o fazer com um sinal humano de grandiosidade, que é a generosidade e a gratuidade.»

Concluiu agradecendo a todos os que, ao longo de 25 anos, contribuíram para o desenvolvimento do programa da Fundação: «Queremos agradecer a todos os que dão tempo, se entregam e conseguem fazer este grande sinal de referência que faz do mundo um sinal de esperança. Humanização, esperança e voluntariado encontram-se na mesma palavra: o sentido do outro.»