A greve de quatro dias na mina de Neves-Corvo, no distrito de Beja, devido à implementação de um novo modelo de rotação de turnos, terminou, no sábado, com uma adesão “inferior a 1%”, confirmou hoje a empresa concessionária.

Fonte oficial da empresa Boliden Somincor, concessionária da mina situada no concelho alentejano de Castro Verde, revelou à agência Lusa que a adesão à greve, realizada nos 16, 17, 20 e 21 de junho, foi, no total, “inferior a 1% do total de trabalhadores”, cifrando-se em “0,87%”.

A Lusa tentou igualmente obter uma reação junto do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), que convocou a greve, o que não foi possível até ao momento.

Em 17 de junho, no balanço dos dois primeiros dias de paralisação, o coordenador do sindicato, Albino Pereira, tinha reconhecido que os números de adesão à greve eram “baixíssimos”.

“Os trabalhadores têm muito receio desta nova administração, não sabem o que os espera e têm medo de ficar na greve”, disse na altura.

Apesar da residual adesão, o responsável pelo STIM afirmava que a greve em Neves-Corvo era “justificável”.

A greve na mina alentejana de Neves-Corvo foi convocada após a implementação, em 16 de junho, de um novo modelo de rotação de turnos, com quatro dias de trabalho seguidos de quatro dias de folga (4×4).

Segundo comunicado do STIM, esta decisão violou “o acordo de empresa que está em vigor” desde 2019, considerando ser “incompreensível que a empresa não atenda a maioria dos trabalhadores, o que revela a sua total falta de respeito e arrogância”.

A estrutura sindical acusou ainda a concessionária de Neves-Corvo de pretender “extrair mais minério sacrificando a saúde dos seus trabalhadores e impedindo que estes tenham uma vida familiar e social digna”.

Em declarações ao jornal regional Correio Alentejo, publicadas em 06 de junho e consultadas pela Lusa, o diretor-geral da Boliden Somincor, Gunnar Nyström, disse que a empresa consultou os trabalhadores, “nos termos legalmente previstos”, sobre a alteração à rotação de turnos, que “está enquadrada no acordo de empresa que se encontra em vigor” e “cujo conteúdo foi oportunamente negociado” com o sindicato.

O gestor acrescentou que “a alteração da rotação de turnos para 4×4 é uma medida essencial para melhorar os índices de segurança da Somincor e para aumentar os níveis de produção da empresa, invertendo a tendência negativa verificada nos últimos anos”.

A mina de Neves-Corvo produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo.

Trata-se da maior mina de zinco na Europa e a sexta maior de cobre também no continente europeu, além de ser a maior empregadora da região, com cerca de 2.000 trabalhadores.

A mina alentejana tem como concessionária a empresa Somincor, que a Lundin Mining vendeu à sueca Boliden, juntamente com a mina de Zinkgruvan, na Suécia, por cerca de 1,44 mil milhões de euros, num negócio concretizado em 16 de abril.