
Um estudo com mais de 2.300 estudantes do ensino superior em Portugal revela níveis alarmantes de burnout, depressão e consumo elevado de psicotrópicos entre os universitários. De acordo com a investigação coordenada pela psicóloga Tânia Gaspar, da Universidade Lusófona, 61,6% dos alunos afirmaram sentir-se física e emocionalmente exaustos, enquanto 40% consomem medicamentos psicotrópicos, incluindo 10% que tomam anfetaminas ou estimulantes.
O estudo “Ecossistemas de Aprendizagem Saudáveis nas Instituições de Ensino Superior em Portugal” analisou várias dimensões do ambiente académico e concluiu que os estudantes enfrentam graves problemas de saúde mental, com 65,5% a sentirem-se incapazes de controlar aspetos importantes das suas vidas e mais de metade a considerar que as dificuldades acumulam-se de forma insuperável.
Tânia Gaspar sublinha que o elevado recurso a medicação psicotrópica reflete falhas do Serviço Nacional de Saúde na prevenção e apoio psicológico. A investigadora alerta para a necessidade de um uso mais ponderado destes medicamentos, especialmente em jovens, destacando que a medicação deve ser usada com cautela e acompanhada de apoio psicológico.
O estudo revelou ainda que 13% dos estudantes sofreram ameaças ou abusos físicos ou psicológicos, incluindo assédio sexual, racismo, xenofobia e discriminação de género, além de destacarem a falta de diversidade e sensibilidade cultural no corpo docente. Os estudantes queixam-se de métodos de ensino monótonos, falta de empatia dos professores e assédio moral, pedindo maior sensibilidade e formação em saúde mental por parte dos docentes.
Os investigadores recomendam a adoção de formas criativas de ensino e envolvimento dos estudantes para combater a desmotivação e melhorar o ambiente académico, destacando a necessidade urgente de reforçar o apoio à saúde mental nas universidades portuguesas.