O primeiro-ministro, Luís Montenegro, de 52 anos, e a esposa, Carla Montenegro, tomaram a decisão de transferir a titularidade da empresa familiar Spinumviva para os filhos, Hugo e Diogo, no dia 5 de março de 2025, segundo avança o Correio da Manhã.

A transação ocorreu num momento em que a sociedade detinha mais de 314 mil euros em dinheiro e depósitos bancários, revelando um património considerável. Esta doação antecipou a entrega das contas anuais de 2024, que indicam um decréscimo significativo nos lucros comparativamente ao exercício anterior.

Apesar da descida nos lucros, as demonstrações financeiras apontam para a manutenção de um “património financeiro robusto”, expressão utilizada pelo próprio jornal. No final de 2024, o capital próprio da empresa ascendia a cerca de 378 mil euros, enquanto as dívidas registadas totalizavam 36 968 euros.

Do valor em dívida, 13 691 euros correspondiam a montantes por regularizar com o Estado e 1 243 euros com fornecedores, revelando uma estrutura financeira estável no momento da passagem de titularidade.

A Spinumviva é uma empresa de cariz familiar e tem sido gerida ao longo dos anos pelo núcleo próximo de Montenegro. Com a decisão de transmitir o controlo para os filhos, o primeiro-ministro retira-se formalmente da estrutura empresarial, numa altura de maior visibilidade política.

A operação, legalmente admissível, levanta questões sobre o timing da doação, coincidindo com uma fase de alteração do desempenho financeiro da empresa. Ainda assim, não existem indícios de ilegalidade nem há nenhuma investigação em curso relacionada com o caso.

A informação foi divulgada pelo Correio da Manhã com base na consulta das contas da sociedade, cujos dados são públicos e registados junto da Autoridade Tributária.