
Um mural urbano inaugurado esta semana em Évora pretende assinalar as conquistas das mulheres no período democrático pós-25 de Abril. A iniciativa partiu da Associação Ser Mulher e contou com a intervenção da artista plástica Mariana Duarte Santos.
A obra, situada numa das ruas centrais da cidade, foi realizada no âmbito de uma candidatura da associação a um apoio da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Segundo Ana Beatriz Cardoso, dirigente da Associação Ser Mulher, o mural «celebra os direitos humanos das mulheres que resultaram do regime democrático e do 25 de Abril» e tem também como objectivo «alertar para a ausência de representação feminina na arte pública».
Dividido em três painéis, o mural evoca, à esquerda, uma imagem captada durante o 25 de Abril, no centro o momento da liberdade, e à direita uma figura feminina ceifeira, como referência ao papel das mulheres no mundo rural. A escolha de tons a preto e branco está alinhada com a linguagem visual da autora, que trabalha a partir de fotografias antigas. «Pretendo capturar memórias e provocar conversas sobre como o passado influencia o presente», explicou Mariana Duarte Santos.
A concretização da obra foi precedida de um longo processo, com vários locais inicialmente recusados. «A Mariana fez 16 maquetes e houve muitas respostas negativas. Nunca desistimos, nem a artista nem a associação», afirmou Ana Beatriz Cardoso.
A Associação Ser Mulher pretende alargar o projecto artístico a outros concelhos do distrito de Évora, aliando arte urbana à reinterpretação do património cultural local. «Queremos levar esta mensagem a todo o distrito, usando elementos como os tapetes de Arraiolos, os chocalhos ou as mantas alentejanas para promover valores de igualdade», referiu a dirigente.
Este mural surge também como ponto de partida para novas intervenções previstas até 2027, ano em que Évora será Capital Europeia da Cultura.