
No âmbito do Dia Internacional do Enfermeiro, que se assinala esta segunda-feira, a Ordem dos Enfermeiros (OE) reiterou o alerta para a crescente perda de profissionais em Portugal e apelou a medidas estruturais urgentes que garantam a sustentabilidade da profissão e a qualidade dos cuidados de saúde.
Sob o mote do Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) — «Cuidar dos Enfermeiros fortalece os sistemas de saúde e as economias» — a OE sublinha que o país enfrenta atualmente uma carência estimada de mais de 14 mil enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS). De acordo com a Ordem, este défice tem levado ao aumento do desgaste físico e emocional dos profissionais e à intensificação da emigração em busca de melhores condições laborais.
«Nos últimos dois anos foram dados alguns passos no caminho certo, como, por exemplo, a criação do Internato da Especialidade e os aumentos salariais dos enfermeiros do SNS. Mas é preciso continuar. Os enfermeiros portugueses estão exaustos, mas não deixam de cuidar com competência e humanidade. O que falta é o país cuidar deles com o mesmo empenho», afirmou o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira.
Segundo o mais recente relatório do ICN, os cinco principais fatores que continuam a impulsionar a emigração de enfermeiros são os salários baixos, as condições de trabalho difíceis, a ausência de oportunidades de progressão na carreira, a desvalorização política da profissão e a escassez de empregos atrativos.
A OE alerta ainda para o recurso sistemático a trabalho extraordinário no SNS — que em 2024 ascendeu a 5,6 milhões de horas — e para o envelhecimento progressivo das equipas. A ausência de um plano estruturado de retenção de profissionais compromete, segundo a Ordem, o futuro da enfermagem em Portugal.
A Ordem dos Enfermeiros defende igualmente a presença ativa dos enfermeiros em cargos de decisão, sublinhando que continuam sub-representados nestas funções. «A Organização Mundial de Saúde já alertou para esta lacuna e recomenda que os enfermeiros integrem os espaços de decisão em saúde», refere o comunicado.
A OE propõe, por isso, a criação de um plano integrado para a Enfermagem, com metas definidas e políticas públicas que valorizem efetivamente o papel destes profissionais nos serviços de saúde, na gestão e na definição estratégica do setor.
«Sem enfermeiros, não há cuidados. Sem cuidados, não há saúde. E sem saúde, não há futuro», conclui a Ordem dos Enfermeiros.