
As companhias aéreas em Portugal alertaram que as viagens de curta distância podem ficar mais caras devido ao aumento dos custos com matérias-primas, combustíveis e taxas.
O diretor executivo da RENA, António Moura Portugal, afirmou que as tarifas podem subir, principalmente nas rotas de menor distância, como uma forma de desincentivar esses trajetos, à medida que os custos operacionais das companhias aéreas aumentam.
Em entrevista à Agência Lusa, Moura Portugal explicou que o aumento dos preços de matérias-primas e a obrigatoriedade do uso de combustível de aviação sustentável (SAF), imposto pela União Europeia, estão entre os principais fatores que poderão influenciar o aumento dos preços das passagens, a partir de 2025, todos os voos deverão incluir pelo menos 2% de SAF, com a meta de aumentar essa percentagem nos próximos anos.
O diretor da RENA também destacou a possibilidade de as tarifas subirem mesmo entre as companhias aéreas de baixo custo, que, apesar de suas ofertas de preços mais acessíveis, têm de arcar com os mesmos custos de taxas e impostos que as empresas aéreas tradicionais.
Outro ponto abordado por António Moura Portugal foi a taxa de carbono aplicada aos passageiros aéreos, a medida, que entrou em vigor em julho de 2021, visa compensar as emissões do setor da aviação.
Parte das receitas geradas por essa taxa será agora destinada à produção de combustíveis sustentáveis, o que, segundo o responsável, é uma iniciativa positiva para apoiar a transição para práticas mais ecológicas, a RENA apoia a destinação de até 40 milhões de euros para o financiamento de atividades de descarbonização no setor, como a produção de SAF em Portugal.
As companhias aéreas também se opõem à proposta da ANA (Aeroportos de Portugal) de aumentar as taxas aeroportuárias e alargar a concessão dos aeroportos nacionais para financiar o novo aeroporto em Alcochete.
A proposta sugere um aumento progressivo das taxas entre 2026 e 2030, com o objetivo de arrecadar fundos para a construção do novo aeroporto, que está previsto para começar a operação em 2037.
António Moura Portugal criticou a proposta, afirmando que é injusto pedir aos passageiros de hoje para financiarem uma infraestrutura que ainda não existe e cujo impacto no futuro ainda é incerto, também lembrou que o Tribunal Constitucional determinou que deve haver uma ligação clara entre as taxas e as infraestruturas que estão sendo financiadas, o que, segundo ele, não está sendo feito neste caso.
Apesar dos desafios impostos pelos custos crescentes e pela taxa de carbono, o diretor da RENA acredita que as companhias aéreas precisarão se adaptar e cumprir as novas exigências ambientais.
Ele também ressaltou que, para otimizar a capacidade dos aeroportos existentes, seria desejável um maior foco em rotas intercontinentais, com aeronaves maiores, ao invés de concentrar-se em trajetos de curta distância com aviões menores, que representam uma carga operacional mais alta por passageiro.
Enquanto isso, as obras no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, continuam e não têm gerado grandes impactos nas operações, embora o aumento de capacidade do terminal ainda seja um desafio em termos de logística.
Para o futuro, o novo aeroporto de Alcochete está sendo aguardado com expectativa, mas, para Moura Portugal, ainda há muitos pontos a serem discutidos e ajustados para que a proposta tenha sucesso.
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