A campanha eleitoral para a Câmara Municipal de Cascais foi abalada esta semana pela divulgação de um vídeo que mostra António Pinto Pereira, antigo deputado do Chega e atual candidato da Nova Direita, a presidir a uma cerimónia maçónica, surgindo como Venerável Mestre de uma alegada loja ‘selvagem’. A gravação, com cerca de um minuto, circula nas redes sociais e tem provocado intenso debate político e social.

Apesar de ter negado publicamente qualquer ligação à Maçonaria, Pinto Pereira aparece no vídeo em destaque, liderando o ritual de iniciação de dois novos membros, conhecidos no jargão maçónico como “profanos”. As imagens mostram os iniciados vendados, de joelhos e em tronco semi-nu, seguindo o tradicional juramento de adesão, numa prática característica dos primeiros graus maçónicos. Segundo os rituais divulgados, os dois indivíduos passariam assim à categoria de “aprendizes”.

A cerimónia, segundo fontes próximas da organização, decorreu num espaço reservado, acompanhada por outras figuras conhecidas, embora os restantes rostos presentes na filmagem não tenham sido identificados publicamente até ao momento. O vídeo foi inicialmente divulgado pelo jornal 24 Horas, que garantiu ter recebido o conteúdo de forma anónima.

A exposição deste conteúdo em plena pré-campanha tem levantado questões sobre a transparência e coerência das posições políticas do candidato, sobretudo por rejeitar repetidamente qualquer envolvimento em organizações maçónicas, inclusive durante o período em que representou o Chega na Assembleia da República.

A Nova Direita ainda não emitiu nenhum esclarecimento oficial sobre o caso. Já o próprio António Pinto Pereira também se manteve em silêncio desde que o vídeo começou a ser divulgado, não respondendo às várias solicitações dos média.

Recorde-se que o candidato abandonou o Chega em 2023 e tem procurado afirmar-se como uma alternativa política no concelho de Cascais, centrando o seu discurso numa “nova forma de fazer política local”, baseada na “verdade e integridade”. Contudo, a revelação destas imagens compromete o discurso de transparência e ameaça fragilizar a sua candidatura num dos municípios mais disputados do distrito de Lisboa.

A polémica surge num momento em que a presença de figuras públicas em círculos esotéricos ou reservados tem sido alvo de crescente escrutínio por parte da opinião pública. As ligações entre política e Maçonaria continuam a gerar controvérsia em Portugal, sobretudo quando não são assumidas claramente pelos protagonistas.