É possível assistir a uma nova realidade “a olhos vistos”. Os primeiros meses de 2025 estão a trazer um cenário de incerteza que desafia a confiança das empresas – em concreto, no domínio financeiro – no sentido de manterem as suas operações estáveis ao nível dos processos de internacionalização.

A crise económica desencadeada pela pandemia marcou um período durante o qual procurei alertar diretamente para o Seguro de Créditos como instrumento de gestão e proteção, sempre precedido por uma devida análise transversal de risco. Um instrumento muitas vezes subestimado e sobre o qual é novamente urgente falar.

Se há algo que aprendemos nos anos subsequentes é que a continuidade da atividade comercial de uma empresa depende, em igual medida, de liquidez imediata e de proteção contra os riscos associados à atividade. Trata-se de algo mais do que uma questão financeira, ao implicar também uma garantia de previsibilidade.

Neste início de 2025, surgem então novas ameaças que exigem redobrada atenção, não só pela sua dimensão global, mas sobretudo pelos seus efeitos diretos sobre a economia portuguesa. A recente introdução de tarifas, com impacto significativo em setores estratégicos como o automóvel, representa um fator de risco real e imediato. Portugal, com uma forte exposição a este e outros setores na sua estrutura exportadora e produtiva, poderá enfrentar um aumento expressivo do risco de incumprimento, afetando as cadeias de abastecimento e o equilíbrio financeiro de múltiplas empresas.

A pressão inflacionista global, os custos energéticos voláteis e a instabilidade geopolítica compõem um cenário de risco transversal que obriga as empresas a adotarem estratégias de mitigação de risco cada vez mais sofisticadas. Neste contexto, o foco das empresas deve estar centrado na resiliência, na gestão proativa e na proteção do cash flow.

A imprevisibilidade do comportamento de clientes e parceiros pode levar a falhas de pagamento que comprometem seriamente a saúde financeira de qualquer Organização. Esta é uma ameaça particularmente sensível para empresas exportadoras e para setores com margens operacionais apertadas, onde qualquer perturbação nos pagamentos tem efeitos multiplicadores.

Simultaneamente, o mercado interno assume uma importância acrescida. Apesar de estar igualmente exposto a riscos, representa uma base de operação crítica para muitas empresas, que não podem ser apanhadas desprevenidas face a potenciais disrupções nos pagamentos ou atrasos nos investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Assim, com a adoção de modelos preditivos de failure, o recurso a inteligência artificial e a utilização de Seguro de Créditos apoiada por brokers especializados tornam-se fundamentais para antecipar potenciais incumprimentos e prevenir impactos inesperados.

A otimização destes processos exige uma abordagem colaborativa entre empresas e especialistas, que atuam como parceiros estratégicos na estruturação de soluções personalizadas. A experiência do corretor especializado permite reduzir significativamente a pressão sobre os recursos internos, garantindo um acompanhamento rigoroso das exposições aos riscos emergentes e facilitando uma tomada de decisão mais ágil e informada. Por essa mesma razão é a crescente escassez de profissionais qualificados nas áreas financeiras tradicionais um desafio adicional para as empresas.

Num cenário de risco crescente, qualquer Organização que pretenda consolidar a sua posição no mercado precisa de estratégias robustas. Não basta crescer sem garantir as raízes sólidas que previnam qualquer percalço. É essencial fazê-lo com segurança.

Uma apólice adequada torna-se um verdadeiro estabilizador da confiança, ao permitir que as empresas se concentrem em crescer, inovar e explorar novos mercados, sabendo que os riscos estão controlados.

Ainda é cedo para “adivinhar” o futuro e perceber a extensão e impacto a curto, médio e longo prazo das medidas implementadas. Para enfrentar este ano de 2025 com confiança, as empresas devem olhar com lucidez para os sinais de alerta que já estão a produzir efeitos tangíveis e encarar a solidez financeira como uma necessidade estratégica absolutamente vital.

Diretor de Crédito e Caução da F. REGO