Há uma nova espécie de inovadores a chegar hoje ao Beato. A Factory Lisbon, no Beato Innovation District, foi o local escolhido para acolher o novo campus da 42 Lisboa e é naquele ecossistema efervescente, multicultural e tecnológico que vão ser recebidos, já em agosto, os primeiros alunos daquela que é considerada a melhor escola de Software Development do mundo. Com capacidade para 800 alunos aprenderem programação de forma gratuita, os 1200m2 da 42 Lisboa vão dar um novo fôlego ao projeto de que Pedro Santa Clara tem sido timoneiro e que trouxe, desde 2021, um método inovador e gamificado que promove a aprendizagem sem salas de aula, sem horários e sem professores, a 1500 alunos das mais diversas nacionalidades e backgrounds.
"A mudança para o Beato Innovation District personifica tudo aquilo a que a 42 aspira: inovação, criatividade e empreendedorismo", afirma o presidente da escola, que neste curto tempo já soma mais de 50 mil candidaturas, acreditando que o novo campus representa "o próximo capítulo desta missão de oferecer educação inovadora e acessível, rodeado por empresas tecnológicas, startups, iniciativas criativas e eventos culturais, agora no ambiente ideal para os alunos concretizarem as suas ideias e transformarem o futuro". Com o apoio dos mecenas — Fundação Santander, Vanguard Properties, Fidelidade, Fundação Galp, Reformosa, Bi4all, DST Group, BA Glass, Casa Relvas, NTT Data, MEO, Axians, BNP Paribas, KPMG, The Claude and Sofia Marion Foundation, Rita e Filipe Botton, Observador, Lead Consulting —, a escola 42 garante que qualquer jovem com potencial pode ali encontrar uma formação prática e gratuita, "desenvolvendo projetos entre pares, num modelo que parece um jogo" e que lhe permitirá adquirir não apenas competências técnicas, mas capacidades de comunicação, trabalho em equipa e resolução de problemas, enquanto se estimula a criatividade, a autonomia e a resiliência. Num modelo importado de Paris, onde nasceu a primeira 42 há uma década — reconhecida como uma das melhores e mais inovadoras escolas de programação do mundo —, além de não ser paga, a formação não exige background académico ou experiência em programação, sendo apenas pedido aos candidatos que sejam "proativos, curiosos, criativos, dedicados e gostem de trabalhar em equipa".
Com o objetivo assumido de estabelecer a 42 como a escolha n.º 1 na área da tecnologia, a escola já conseguiu ascender ao top três das maiores no país. E os números revelam um potencial transformador incrível, respondendo à necessidade de reskilling que já abriu as portas da programação a pessoas de origens profissionais tão distintas como um operador de câmara, uma bailarina, um dentista ou um estofador da indústria automóvel. E se a transformação qualitativa não chega, os números impressionam: de acordo com o Relatório de Impacto feito (pro bono) pela BCG, relativo aos primeiros três anos de atividade da 42 Lisboa e da 42 Porto, e a que o SAPO teve acesso exclusivo, depois de passarem pela instituição, todos os alunos foram colocados no máximo em seis meses após a conclusão do curso, vendo a sua remuneração aumentar três a quatro vezes: de uma média de 13,2 mil euros de salário bruto anual à entrada na 42, os graduados passaram para cerca de 50 mil, o salário médio bruto dos software engineers, com mais de 40 empresas nacionais a contratar alunos da 42.
O que também se reflete no PIB, com 8 milhões de euros de impacto anual na riqueza do país por grupo de graduados, representando um impacto cumulativo de 460 milhões em dez anos. Como se mede esse impacto? Pelo "aumento da produtividade nacional, uma vez que os graduados da 42 aceitam empregos que impulsionam o crescimento económico nos seus países através de uma maior inovação e desenvolvimento de novas tecnologias", mas também pelo aumento de consumo e de impostos pagos na sequência de salários mais elevados.
Ao nível dos custos, revela o estudo "Trajetória de crescimento 2020-2023 e caminho futuro", o resultado é o inverso: o número de alunos formados por ano é equivalente ao das maiores faculdades do país, com um terço do custo anual por aluno. Os custos são cobertos pelas contribuições dos mecenas e pelos apoios de instituições públicas e sociais (como a Câmara do Porto e a Fundação José Neves) e filantropos individuais (família Alves Ribeiro, Botton, Macedo Silva e Ming C. Hisu), que em 2023 garantiram um total de 2,2 milhões de euros à 42.
De destacar que metade dos alunos ali formados não chegam com estudos superiores, havendo já um em cada cinco alunos a chegar com mais de 30 anos e 30% a trabalhar full time noutras áreas. Quase um terço dos que procuram a 42 são estrangeiros que querem melhorar as suas perspetivas futuras.
A instituição aponta agora a ter 300 alunos graduados por ano, atingindo cerca de 25% de mulheres (são hoje 17%) e envolvendo 1.600 pisciners por ano (candidatos na última fase do processo de seleção, que dura 26 dias consecutivos e implica a experiência presencial no campus da 42).
E como funciona todo o processo de seleção? Em primeiro lugar, para aceder ao curso é preciso passar dois testes online e em seguida fazer a piscine, um bootcamp intensivo nas instalações da 42, em que os candidatos aprendem as bases de programação e descobrem se esta é a escola ideal para eles. "O curso da 42 é partilhado nas mais de 50 escolas em todo o mundo.
Demora em média 18 meses a concluir, caso o aluno dedique cerca de 40 horas semanais ao programa. Depois disso, mergulha na sua primeira experiência profissional." Após completarem a experiência, os alunos podem começar a sua especialização, decidindo as áreas que mais lhes interessam e que querem explorar, entre um catálogo que vai da Inteligência Artificial à Cyber Security ou Web Development, complementado a aprendizagem com as experiências profissionais exigidas no final de cada etapa.