«Por que razão alguém quer ver a Mona Lisa ao vivo? Esta é uma pergunta sincera. Toda a gente quer ver a Mona Lisa ao vivo. No Louvre, puseram setas e placas de indicações para evitar que uma pessoa se distraia com outra arte e vá diretamente à Mona Lisa. Isso já deveria ser um motivo para a pôr de lado, não? Demasiado turística. A razão por que queres mesmo ver esse quadro não é por ele ser bonito. “Bonito” não é critério. Há outras obras de Leonardo da Vinci que são mais bonitas e melhores. E quando por fim vês a Mona Lisa ao vivo, não a consegues ver. Os outros turistas tapam-te a vista. Além disso, o quadro está pendurado atrás de um vidro verde de um centímetro de grossura, à prova de bala. Vê-se melhor em reproduções.»
Estas palavras, expressas num estilo que mistura o sarcasmo com um olhar clínico à realidade atual, foram escritas pelo neerlandês Ilja Leonard Pfeijffer, no romance que recentemente publicou em Portugal, Grand Hotel Europa. Sim, é verdade, o quadro da Mona Lisa, também conhecido pelo nome italiano de La Gioconda (traduzível para "A Sorridente"), adquiriu um significado mítico e cultural que vai muito além do impacto que realmente teve para a história da arte. Este interesse desmesurado por um quadro que tem 77 centímetros de altura e outros 53 de largura, e que, além do mais, as autoridades do Museu do Louvre, em Paris, só permitem que seja vista a uma boa distância, é um fenómeno (a roçar o quase religioso) digno de estudo.
Já agora, e para quem não saiba, da Vinci não criou esta obra sobre uma tela, pintou-a sobre tábua (madeira), apesar de à época do pintor renascentista já fosse frequente o uso de telas.
O fascínio que a Mona Lisa suscita em muito de nós tem origem, dizem os teóricos, na expressão facial, ou, melhor explicando, no suposto misterioso sorriso da jovem Lisa Gherardini, a mulher – de uma rica, nobre e influente família de Florença – que se julga ser a pessoa retratada. Todavia, também há quem assegure que se trata de um autorretrato escondido do próprio da Vinci. Quando foi pintado? Eis outro mistério, embora se avance que o possa ter sido algures entre 1503 e 1506, quando o artista de origem florentina já estava na casa dos 50 anos.
Em suma, há todo uma complexa e ambígua teia de interpretações, fruto da falta de consenso em torno desta pequena pintura, que lhe dão os ingredientes capazes de fermentar uma aura de enigma, e é esta sensação de mistério que consegue atrair turistas de todos os cantos do mundo.
Curiosamente, se for ao Museu do Louvre, jamais conseguirá atentar em todos os pequenos pormenores do quadro, perfeitamente visíveis se clicar aqui e fizer zoom à imagem digitalizada da mesma. Ou seja, a experiência de ver ao vivo deixa muito a desejar, o que levanta muitas dúvidas sobre os reais motivos que nos levam a querer peregrinar ao local onde descansam algumas obras de arte famosas e que tiveram grande influência na história da arte.
Ilja Leonard Pfeijffer, no seu livro que mistura ficção com realidade, dá conta de uma história verdadeira, daquelas que nos obrigam a uma reflexão:
«Aqui há tempos, na Itália, fizeram uma magnífica exposição das obras de Caravaggio [1571-1610]. Todas as suas obras, espalhadas pelo mundo inteiro, foram reunidas sob a forma de excelentes reproduções impressas na melhor resolução imaginável, com iluminação por detrás. Se tivesse a ver com a beleza, com o interesse pela imagem, com o estudo do artista e da sua época contemporânea, esta teria sido a exposição ideal sobre Caravaggio. Só que ninguém a visitou. Portanto, não era disto que se tratava. O importante é que queres ver a Mona Lisa ao vivo, pela experiência de a ver ao vivo. Trata-se daquilo que Walter Benjamin apelidou de “aura da obra de arte". O que interessa não é a própria obra, mas a sensação de vizinhança, de preferência confirmada por uma fotografia ou uma selfie. Visitar a Mona Lisa no Louvre não produz nenhuma compreensão profunda, nenhum prazer estético ou satisfação, mas somente irritação devido aos outros turistas.»
Segue-se uma lista de quadros, uns mais famosos do que outros, que chamam a atenção pelo impacto artístico que tiveram na altura em que foram criados. O que os une? Todos eles são tão ou mais pequenos do que a Mona Lisa, alguns quase liliputianos.
A Persistência da Memória - Salvador Dalí
Trata-se de umas das imagens mais emblemáticas do movimento surrealista e foi pintada em 1931, sendo que, e a acreditar nas palavras do espanhol Salvador Dalí, a maior parte ficou pronta em duas horas, enquanto esperava que a esposa voltasse do teatro. Não sabemos se o excêntrico Dalí pecou, neste relato, pelo exagero, mas a verdade é que esta imagem com ‘relógios a derreter’, como popularmente ficou conhecida, apenas tem 24 centímetros de altura e outros 33 de largura. Existem reproduções e até puzzles desta famosa pintura, patente no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, que são bem maiores.
Qual o seu simbolismo? Alguns académicos que, ao longo de décadas, se têm debruçado sobre esta peça de arte dizem que representa a irrelevância e inutilidade da obsessão humana pelo tempo, neste caso o tempo que é medido pelos nossos relógios. Outros estudiosos, por sua vez, dizem que contem uma mensagem que remete para a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.
Para sermos mais rigorosos, Einstein dividiu esta teoria revolucionária em duas: a primeira foi publicada em 1905, a chamada Teoria da Relatividade Restrita, e a outra viu a luz do dia dez anos depois, numa versão mais abrangente que é conhecida como Teoria da Relatividade Geral. Uma das ideias postuladas pela Relatividade Restrita é que o espaço e o tempo não são universais, ou seja, não são iguais para todos os observadores de um fenómeno físico – pelo que diferentes pessoas, a moverem-se a diferentes velocidades, vão ver o espaço e o tempo desse fenómeno a dilatar-se ou a contrair-se. A Relatividade Geral, por sua vez, explica (entre muito mais) que o efeito da gravidade pode igualmente influenciar a ‘elasticidade’ do espaço e do tempo – o que explica porque o tempo passa mais devagar para os astronautas que estão na Estação Espacial Internacional, em comparação com o relógio de quem está à superfície terrestre e sob um efeito maior da força de gravidade do nosso planeta.
O Astrónomo - Johannes Vermeer
O estilo barroco, que surgiu no século XVII, influenciou a pintura pelo seu refinado uso do contraste, de detalhes exuberantes e cores profundas e espampanantes. Nos Países Baixos, um dos nomes que se destacou foi o de Vermeer, com quase todas as suas obras a retratarem espaços fechados e pequenos, ambientes domésticos ligados à prosperante classe da burguesia (se fosse hoje, diríamos que Vermeer pintava para a classe média alta).
Além destas características, o artista neerlandês recorria a pigmentos caros para conseguir reproduzir, na tela, toda uma gama luxuriante de cores, além de que era mestre no uso da luz para dar impacto às suas criações. Aliás, alguns investigadores, perante tanto detalhe e face ao jogo de luz empregue em quadros de dimensões reduzidas (à volta de meio metro de altura e muito menos de largura), especulam que Johannes Vermeer terá usado, para pintar muitas das cenas que o tornaram famoso, uma ‘câmara obscura’, ou seja, um aparelho ótico, em forma de caixa, com um orifício numa das suas faces por onde entra a luz refletida de um objeto externo: na superfície oposta forma-se, depois, uma imagem revertida do mesmo objeto, conservando todos os detalhes dos contornos, as cores e o campo de perspetiva. O pintor só precisa, depois, de começar a trabalhar a partir dessa imagem invertida.
Poderá ter sido assim que o artista neerlandês conseguiu, numa tela de 51 por 45 centímetros, recriar todos os ricos detalhes, assim como o magistral jogo de luzes e cores, que se veem em O Astrónomo, datado de 1668. Quem o quiser ver terá de ir ao movimentado Museu do Louvre.
Rapariga com Brinco de Pérola - Johannes Vermeer
Em 2003, a atriz Scarlett Johansson representou, para o grande ecrã, a jovem e incógnita rapariga que surge neste outro famoso quadro de Vermeer, num filme com o mesmo nome. A longa-metragem, apesar de muito ficcionada (sabe-se pouco sobre a vida do pintor neerlandês) consegue explicar muito bem o ambiente da época e as possíveis técnicas usadas por Vermeer, incluindo a câmara obscura.
Olhemos, agora, para a imagem pintada. O amarelo, o azul e o vermelho (dos lábios) ajudam a dar uma expressividade única (e exagerada, bem ao estilo barroco) a alguém cujos olhos nos seguem e perscrutam com apaixonante intensidade. O quadro desta rapariga com o seu brinco medem 44 por 39 centímetros, sendo que a obra, feita em 1665 está no museu de Mauritshuis, em Haia, uma das duas cidades (juntamente com a de Delft) em que Vermeer ganhou reputação junto da burguesia local.
A Pequena Rua - Johannes Vermeer
Pintado algures entre 1657 e 1658, Vermeer conseguiu meter dentro de uma tela com 54 centímetros de altura e 44 centímetros de largura todos os pequenos pormenores de parte de uma rua de Delft – atentem, por exemplo, nos tijolos dos prédios, nas rachas tapadas que se abrem entre eles, em todos os pequenos sinais de envelhecimento das paredes exteriores, isto enquanto três mulheres se concentram nos seus afazeres. Há vitalidade neste cenário, retirado de uma cidade que, à época e à semelhança do que sucedia no resto dos Países Baixos, atravessava um período de esplendor comercial, artístico e científico.
Todavia, apenas em 2015 é que se descobriu que este arruamento, assim como as duas casas que nela surgem, existiram mesmo. Atualmente, a rua tem o nome de Tripe Gate (traduzível para Rua das Tripas). Já se tornou, como seria de esperar, num ponto turístico. Para ver o quadro, no entanto, há que viajar até ao Rijksmuseum de Amesterdão.
São Francisco de Assis recebendo os Estigmas - Jan van Eyck
Um tema e um estilo de pintura claramente datado do Renascimento. Estamos a falar das duas obras idênticas, mas com a grande diferença de que uma é mais pequena do que a outra, a que se deu o nome de São Francisco de Assis recebendo os Estigmas. Outro pormenor que as distingue: a maior foi pintada sobre uma tábua de madeira, enquanto para a menor se usou papel de velino, um tipo de pergaminho feito a partir de pele de animal.
Os quadros – um medindo 29,3 por 33,4 centímetros, enquanto o outro se fica pelos 12,7 por 14,6 centímetros – mudaram de dono várias vezes ao longos dos séculos, chegando a acabar na obscuridade durante o século XIX, sem se saber a quem poderiam pertencer. Todavia, o estilo de pintura, o requinte usado e o facto de a madeira usada para o quadro de maior tamanho vir da mesma àrvore que outros painéis pintados por Jan van Eyck determinaram que este artista flamengo era o autor.
O que chama logo a atenção destas obras quase gémeas é o seu diminuto tamanho, mas isso não impediu van Eyck, um dos grandes nomes da pintura renascentista, de as transformar em autênticas obras-primas. Estima-se que as pinturas tenham sido criadas algures entre 1428 e 1432.
O que vemos nestas obras do Renascimento? Muito daquilo que distingue este estilo em relação ao que até então se fazia: o uso da perspetiva, dando a ilusão de tridimensionalidade; elementos paisagísticos naturais; e o recurso da pintura a óleo, uma invenção atribuída, precisamente, a van Eyck, o que permitiu pintar com maior detalhe e uma maior riqueza de cores.
As imagens retratam São Francisco de Assis, um frade e pregador canonizado em 1288 pelo Papa. Segundo a tradição da religião católica, São Francisco terá recebido em 1224, quando um anjo lhe apareceu, os estigmas (as feridas nas duas mãos e nos dois pés causados pelos furos de pregos) que Jesus Cristo terá sofrido durante a sua crucificação. Isto torna-o, segundo a Igreja Católica, na primeira pessoa a receber as mesmas marcas que Jesus.
É precisamente esse momento de êxtase religioso que van Eyck recria, tendo pintado o santo com grande detalhe, ajoelhado e à frente de uma paisagem natural igualmente rica em pormenores.
A tábua de madeira encontra-se na Galeria Sabauda, em Turim (Itália), enquanto a versão em papel velino repousa no Museu de Arte de Filadélfia, nos EUA. Existe, portanto, todo um oceano a separar estas duas obras, mas, felizmente, vão ocorrendo exposições que as juntam, temporariamente, o que permite vê-las uma ao lado da outro. Um aviso: se quiser observar estes quadros e usa óculos, não os deixe em casa.
Autorretrato em Espelho Convexo – Parmigianino
Outra obra-prima típica do período de inovação e experimentalismo técnico que foi o Renascimento. O retratado, desta vez, é o próprio autor, quando tinha 21 anos: Girolamo Francesco Maria Mazzola, nascido na cidade italiana de Parma e mais conhecido pelo nome artístico de Parmigianino. Um verdadeiro prodígio que cedo se tornou famoso, mas, infelizmente, acabou por falecer cedo, com 37 anos.
A imagem de 1524 mostra o jovem Parmigianino dentro de uma sala, tal e qual como se estivesse a ver o seu reflexo através de um espelho convexo – um espelho esférico cuja superfície está abobadada para o exterior, à semelhança dos espelhos que são colocados nas esquinas de ruas, para ver quem vem do outro lado. Assim se explica por que está a mão direita do pintor bastante alongada e desproporcional em tamanho, a que se juntam as linhas do quarto, logo atrás, bastante distorcidas.
Para conseguir esta resultado final, Parmigianino usou uma tela circular especialmente preparada para ser convexa, com 24,4 centímetros de diâmetro, de modo a mimetizar a curvatura de um espelho convexo.
O retrato foi oferecido ao Papa Clemente VII, mas depressa mudou de mãos. De momento, está exposto no Museu de História da Arte de Viena.
Impressão, Sol Nascendo – Claude Monet
Eis o quadro que deu o nome ao estilo artístico que marcou presença nas primeiras décadas da segunda metade do século XIX. A história teve lugar em Paris, no ano de 1874, durante uma exposição e numa época em que muito do público e dos críticos de arte ainda estavam longe de serem convencidos por uma nova geração de artistas e a sua nova forma de representar (pintar) a realidade. Ao ver um dos quadros do francês Claude Monet, intitulado Impressão, Sol Nascendo, um crítico hostil batizou o autor e os restantes pintores que recorriam à mesma estética de ‘impressionistas’. Todavia, este grupo de artistas acabou por gostar do nome e adotou-o incondicionalmente.
Uma das marcas distinguíveis da pintura impressionista são as pequenas, finas, mas bastante visíveis pinceladas que são usadas nos quadros. Os objetos retratados, através desses toques com o pincel, são paisagens naturais ou cenas do quotidiano (embora quase sempre relacionadas com a natureza). Na década de 1860, muitos dos pintores impressionistas interessaram-se pelos ambientes costeiros situados no Canal da Mancha, o que os levou a experimentar formas mais coloridas e fluidas de pintar, rompendo com o formalismo tradicional e clássico que então imperava, assente no desenho de objetos com contornos e formas bastante distinguíveis e realistas ao olho humano.
A criação de uma sensação de movimento e de passagem do tempo são dois elementos imperativos das pinturas impressionistas, com os seus autores a recorrerem, igualmente, a campos de visão incomuns. O objetivo, ao combinar tudo isto, é o de ‘jogar’ com a perceção humana.
Estas características estão totalmente patentes no já referido quadro de Monet (basta atentar na imagem em baixo, ou clicar aqui e fazer zoom), uma tela, com 48 centímetros de altura e outros 63 de largura, em que surge representado o porto de Le Havre durante o nascer do Sol, cidade situada, precisamente, no Canal da Mancha. Os barcos de pesca que aparecem no meio, assim como a berrante cor do Sol matinal e o seu reflexo na água, contrastam com os mastros dos navios de maior porte e com as gruas que surgem em jeito de névoa, ao fundo.
Há quem veja nesta imagem, pintada em 1872, uma metáfora para a ‘nova’ França que surgiu após a derrota na Guerra Franco-Prussiana de 1871-1872, uma França em que a beleza do tradicional se juntou a uma regeneração industrial e comercial, com o florescente porto de Le Havre – a cidade natal de Monet – a simbolizar essa união e revitalização. Contudo, também pode ser um quadro despido de qualquer conotação política ou social, com o artista a apenas querer exprimir ao máximo as características e técnicas do movimento impressionista.
Quem quiser ver esta obra emblemática terá de viajar até ao museu parisiense de Marmottan Monet, onde, logo à entrada, se costuma vislumbrar uma impressionante fila de turistas que aí querem entrar.
A Morena Odalisca – François Boucher
Uma mulher nua da cintura para baixo, com as pregas no pescoço, nádegas e pernas a misturarem-se com as pregas dos tecidos luxuosos sobre os quais se deita. O francês Boucher pintou esta obra, plena de sexualidade e sedução, em 1745, numa época em que retratar de forma tão explicita o corpo nu de uma mulher, para depois mostrar a peça de arte ao público em geral, seria motivo de escândalo – daí que estes quadros apenas se destinassem às salas, escritórios ou quartos de privados, apenas acessíveis ao olhar de alguns seletos.
Boucher, com este quadro – que está em exibição no Louvre –, pretendeu mostrar o corpo feminino sem qualquer pudor e sem recorrer a uma nudez artificial, algo muito comum até àquela época: essa nudez nada natural era idealizada de acordo com a mitologia clássica ou bíblica – O Nascimento de Vénus, quadro famoso da autoria de Boticelli, é um dos melhores exemplos desse tipo de artificialismo.
No século XIX, os irmãos Edmond e Jules de Goncourt, escritores e críticos de arte que se interessaram e abordaram o erotismo na arte, referiram que a “vulgaridade elegante” era a “assinatura” dos nus pintados de Boucher.
E, já agora, o que é uma odalisca? O nome deriva do turco odalık, uma mistura das palavras ‘serva’ e ‘quarto’. Basicamente, as odaliscas eram as mulheres, submetidas a um regime de escravatura, que viviam nos haréns da corte do Império Otomano, e cuja função era a de servir ou prestar assistência às concubinas ou esposas do dono do harém – o qual podia ser o próprio sultão. Todavia, estas podiam ‘progredir hierarquicamente’ dentro do harém, até se tornarem, também elas, em concubinas ou esposas. Para sermos mais explícitos, e sem qualquer pudor na linguagem, eram escravas sexuais dos homens dos quais eram propriedade. Outros tempos, portanto.
O Balão Vermelho – Paul Klee
Analisar os objetos, desconstruí-los e voltar a montá-los de uma forma abstrata. Eis a essência do cubismo, movimento artístico que tomou de assalto a Europa no início do século XX, tornando-se num dos mais influentes.
Pintado em 1922, O Balão Vermelho de Paul Klee, um artista suíço de origem alemã, exibe coloridas figuras geométricas que parecem flutuar, representando (de forma desconstruída) uma abstração de uma típica paisagem citadina. No entanto, o nosso olhar é prontamente direcionado para o solitário balão vermelho que está no centro, precisamente porque tem uma forma geométrica totalmente diferente do que está em plano de fundo.
O quadro foi pintado a óleo e a carvão, sobre um pano de musselina – um tecido leve e transparente, muito usado no vestuário feminino –, numa combinação de materiais que ajuda a destacar a intensidade das cores e a criar diferentes pontos de vista.
Uma enorme revolução artística ‘encaixada’ num pequeno quadrado de tecido, com cada lado a medir pouco mais de 31 centímetros. O que fazer para observar diretamente esta obra-prima do cubismo? Atravessar o Oceano Atlântico e ir até ao ‘modernaço’ e icónico Museu Guggenheim de Nova Iorque.