Isaac Asimov (1920 - 1992)
“Prever o futuro é uma tarefa inútil e ingrata. Começa de forma ridícula e, muitas vezes, termina em desprezo.”
(The World of 1990, 1965)
“Os escritores de ficção científica preveem o inevitável e, embora os problemas e catástrofes possam ser inevitáveis, as soluções não o são.”
(How Easy to See the Future, 1975)
“É a mudança, a mudança contínua, a mudança inevitável, que constitui o fator dominante na sociedade de hoje. Nenhuma decisão sensata pode ser tomada sem ter em conta não apenas o mundo como ele é, mas o mundo como ele será. Isto, por sua vez, significa que nossos governantes, os nossos empresários, as pessoas comuns devem adotar uma forma de pensar como a da ficção científica.”
(My Own View, 1978)
Ray Bradbury (1920 - 2012)
“Ele sabia que a maioria das máquinas são amorais, nem más nem boas. Mas devido à forma como as construímos e moldamos, acabamos, por sua vez, por moldar os homens, mulheres e crianças a serem maus ou bons. Um carro, por exemplo – que é uma coisa bruta e morta, incapaz de pensar, uma massa não programada –, é o maior destruidor de almas da história. Nunca se pretendeu que um carro fizesse isso, mas foi o que aconteceu.”
(I Sing the Body Electric!, coletânea de pequenos contos de 1969)
“As pessoas pedem-me para prever o futuro, quando tudo o que quero fazer é evitá-lo. Melhor ainda, quero construí-lo. Seja como for, prever o futuro é muito fácil. Olhamos para as pessoas que estão à nossa volta, para a rua em que nos encontramos, para a atmosfera visível que respiramos, e prevemos mais do mesmo. O mais do mesmo que vá para o Inferno. Eu quero é [um futuro] melhor.”
(Beyond 1984: The People Machines, 1979)
“O problema no nosso país [EUA] não está em os livros serem banidos, mas sim nas pessoas que não leem mais. Olhe para as revistas, os jornais em redor – é tudo lixo, tudo porcaria, pedacitos de notícia. Não é preciso queimar livros para destruir uma cultura. Apenas é preciso fazer as pessoas parar de os ler.”
(Entrevista ao jornal The Seattle Times, 1993)
Robert Heinlein (1907 - 1988)
“Penso que a ficção científica, mesmo que seja [uma história] demasiado tola ou bizarra, e não importa o quão mal esteja escrita, tem um valor terapêutico inigualável, porque o seu principal postulado é que o mundo muda. Não posso deixar de enfatizar a importância desta ideia.”
(The Discovery of the Future, 1941)
“Toma partido! Toma sempre partido! Às vezes estarás errado, mas o homem que se recusa a tomar partido vai sempre estar errado.”
(Estrela Dupla, livro publicado em 1956)
“Aceitarei as regras que achem necessárias para a vossa liberdade. Eu sou livre, independentemente das regras que me rodeiam. Se vir que são toleráveis, então tolero-as; se vir que são demasiado detestáveis, então quebro-as. Sou livre porque sei que sou o único moralmente responsável por tudo o que faço.”
(The Moon Is a Harsh Mistress, livro de ficção de 1966)
“A parte mais difícil de adquirir uma nova ideia é a de varrer [em primeiro primeiro lugar] a ideia falsa que ocupa esse nicho. Enquanto esse nicho estiver ocupado, as evidências, as provas e as demonstrações lógicas não levarão a lado algum. Contudo, assim que esse nicho é esvaziado da ideia errada que o enchia – assim que possamos dizer, honestamente, 'eu não sei' –, então torna-se possível chegar à verdade.”
(O Gato que Atravessa as Paredes, obra publicada em 1985)
Ursula K. Le Guin (1929 - 2018)
“Eu falo sobre os deuses, e sou ateísta. Mas também sou uma artista e, portanto, uma mentirosa. Desconfiem de tudo o que eu digo. Estou a dizer a verdade.”
(Introdução do romance A Mão Esquerda das Trevas, 1976)
“Precisamos de aprender a inventar as nossas vidas, o como fazê-las e imaginá-las. Necessitamos de aprender estas habilidades; precisamos de guias para nos mostrar como isso pode ser feito. Se não o fizermos, as vidas que se destinam a nós serão feitas por outras pessoas.”
(The Wave in the Mind, 2004)
“Sempre que me dizem que as crianças querem este tipo de livro e precisam deste tipo de escrita, acabo por sorrir educadamente e tapo os ouvidos. Eu sou uma escritora, não uma fornecedora [de comida]. Existem muitos fornecedores. Mas o que as crianças mais querem e precisam é aquilo que… não sabemos que querem e achamos que não precisam. Apenas os escritores lhes podem oferecer isso.”
(A Message About Messages, 2006)
“Acredito que tempos difíceis estão a chegar, um tempo em que iremos querer as vozes de escritores que conseguem ver [no mundo] alternativas ao modo como hoje vivemos, capazes de ver através da nossa sociedade (uma sociedade tomada pelo medo e pelas suas tecnologias obsessivas) outras formas de ser. Precisaremos de escritores que se lembrem da liberdade: poetas, visionários – os realistas de uma realidade maior. De momento, creio que precisamos de escritores que saibam a diferença entre a produção de uma mercadoria destinada ao mercado e a prática de uma arte. Vivemos no capitalismo. O seu poder parece inevitável, mas o mesmo aconteceu com o direito divino dos reis. O poder pode ser resistido e alterado pelos seres humanos. A resistência e a mudança, frequentemente, começam na arte, e quase sempre na nossa arte – a arte das palavras.”
(Discurso proferido durante o National Book Awards dos EUA, em 2014)
Frank Herbert (1920 - 1986)
“As pessoas de quem mais desconfio são aquelas que querem melhorar as nossas vidas, mas, depois, apenas têm um plano de ação na sua mente.”
(The Plowboy Interview, 1981)
“Eu não posso ter medo. O medo é o assassino da mente. O medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Eu enfrentarei o meu medo. Permitirei que passe por cima de mim e me atravesse. E, quando tiver passado, olharei de soslaio para ver o seu rasto. Onde o medo não mais estiver, nada existirá. Somente eu permanecerei.”
(Primeiro livro da saga Duna, lançado em 1965)
“Está demonstrado que as estruturas de poder tendem a atrair pessoas que querem o poder apenas pelo poder em si, e que uma proporção significativa dessas pessoas é desequilibrada – numa só palavra, é insana. Os heróis causam dor, os super-heróis são uma catástrofe. Os erros dos super-heróis arrastam demasiados de nós para o desastre.”
“Se um líder não é capaz de admitir os seus erros, esses erros serão ocultados. Quem disse que os nossos líderes devem ser perfeitos? Onde é que eles aprendem isso?”
“A falha tem de estar nos nossos métodos de descrição, nas línguas, nas redes sociais mais significativas, nas estruturas morais, nas filosofias e religiões – tudo isto transmite limites implícitos onde não existem limites.”
(Dune Genesis, 1980)
Philip K. Dick (1928 - 1982)
“Pode cada um de nós consertar o que seja? Não, nenhum de nós consegue fazer isso. Somos especializados. Cada um de nós tem a sua própria linha, a sua obra. Eu entendo meu trabalho, tu entendes o teu. A tendência da evolução [humana] é para uma especialização cada vez maior. A sociedade humana é uma ecologia que nos obriga a adaptar a ela. A contínua complexidade [da sociedade] torna impossível sabermos tudo o que está fora da nossa área pessoal – eu não consigo acompanhar o trabalho do homem que está sentado na mesa ao lado da minha. Muito conhecimento se acumulou em cada área. E existem demasiadas áreas.”
(Um Homem Variável, uma curta história escrita em 1952)
“As pessoas já não têm critérios para avaliar a importância das coisas. Acho que a única coisa que realmente afetaria as pessoas seria o anúncio de que o mundo iria explodir devido a uma bomba [atómica] de hidrogénio. Creio que elas reagiriam a isso. Mas, fora isso, acho que não reagiriam a mais nada. [As notícias podem avisar que] ‘Pequim foi devastada por um sismo e a greve dos autocarros ainda não terminou’, mas, depois, um tipo qualquer diz ‘Bolas! Vou ter de andar a pé até ao trabalho’.”
(Entrevista dada em 1976 à revista Science Fiction Review)
“Para cada pessoa há uma frase – uma série de palavras – que tem o poder de destruí-la. Existe outra frase, outra série de palavras, que vai sarar essa pessoa. Se tiveres sorte, obterás a segunda; mas podes ter a certeza de que vais ter a primeira: é assim que funciona. Quando estão por conta própria, sem treino, os indivíduos sabem como lidar com a frase letal, mas é necessário ter treino para conseguir lidar com a segunda.”
(VALIS, romance de 1981)
Stanisław Lem (1921 - 2006)
“Partimos para o Cosmo preparados para tudo: solidão, dificuldades, esgotamento, morte. A modéstia impede-nos de o confessarmos, mas há alturas em que temos ótima opinião a nosso próprio respeito. E, contudo, se o examinarmos de mais de perto, o nosso entusiasmo não passa de impostura. Nós não queremos conquistar o Cosmo, queremos simplesmente estender os limites da terra até às fronteiras do Cosmo. [...] Estamos somente em busca do Homem. Não temos necessidade de outros mundos. Precisamos de espelhos [de nós próprios]. Não sabemos o que fazer com outros mundos. Um só mundo, o nosso, basta-nos, mas não o conseguimos aceitar tal como ele é. Estamos em busca de uma imagem ideal do nosso mundo: partimos à procura de um planeta, de uma civilização superior à nossa, mas que se tenha desenvolvido sobre as bases de um protótipo do nosso passado primevo.”
(Solaris, livro de 1961)
“Uma máquina inteligente irá primeiro considerar o que vale mais a pena: executar a tarefa dada ou, em vez disso, descobrir uma maneira de escapar dela. O que for mais fácil. E por que deveria ela comportar-se de outra forma, sendo verdadeiramente inteligente? A verdadeira inteligência exige escolha, liberdade interior.”
(The Futurological Congress, obra publicada em 1971)
Arthur C. Clarke (1917 - 2008)
“Se houve alguma coisa que aprendemos com a história da invenção e da descoberta, é que, a longo prazo – e, mais frequentemente, a curto prazo – as profecias mais ousadas parecem ridiculamente conservadoras.”
“Outros, podemos suspeitar, temem que a travessia do espaço e, acima de tudo, o contato com raças inteligentes, mas não humanas, possam destruir os fundamentos da sua fé religiosa. Eles podem estar certos, mas, seja como for, a sua atitude não resiste a um exame lógico – pois uma fé que não consegue sobreviver à colisão com a verdade não merece muitos lamentos.”
(The Exploration of Space, 1951)
Iain Banks (1954 - 2013)
“Um sistema assente na presunção de culpa não reconhece inocentes. Opomo-nos a qualquer aparato de poder que pensa que se não estivermos todos a favor dele, então estamos contra. Também te oporias, se refletisses sobre o assunto. A própria maneira como pensas já te coloca entre os inimigos. A falha não é necessariamente tua, pois todas as sociedades impõem alguns dos seus valores àqueles que cresceram dentro dela, mas a questão é que algumas sociedades tentam maximizar esse efeito, e algumas tentam minimizá-lo. Tu vens das que tentam minimizar, só que estão a pedir que te justifiques perante uma das que tentam maximizar. A neutralidade é, provavelmente, impossível. Deixar de parte as políticas [e ideias] que praticas não é uma opção; elas não são um conjunto separado de entidades que, de alguma forma, são destacáveis do resto do teu ser. Elas são uma função da tua existência. Eu sei disso e eles sabem disso. O melhor é aceitares esta situação.”
(The Player of Games, ficção lançada em 1988)
Aldous Huxley (1894 - 1963)
“É um pouco embaraçoso... ter estado preocupado com os problemas humanos ao longo de toda a vida e descobrir, no fim, que não há mais nada a oferecer como conselho do que 'Tente ser um pouco mais gentil'.”
(The Psychedelic Review, artigo de tributo de 1964 dedicado a Huxley, após a sua morte)
“A humanidade sente-se impelida a inventar teorias para explicar o que acontece no mundo. Infelizmente, ela não é suficientemente inteligente, na maioria dos casos, para encontrar as explicações corretas.”
(Texts and Pretexts, 1932)