
Mariana Mortágua falava aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, no final de uma audiência com o Presidente da República sobre a formação do novo Governo, após as legislativas antecipadas de dia 18 que deram a vitória à AD - Coligação PSD/CDS-PP.
A líder do BE considerou que "a maior preocupação que resulta desta viragem à direita" nas legislativas de domingo é "a perspetiva de uma revisão constitucional", processo que a IL já manifestou intenção de iniciar.
Mariana Mortágua apelou a que "todas as forças da democracia, do Estado Social, se unam em torno de um objetivo que é impedir a revisão da Constituição do 25 de Abril e da democracia portuguesa".
"Essa é a nossa maior preocupação neste momento e é também o grande empenho que temos de congregar todas as forças para impedir esta revisão constitucional que ameaça a democracia", indicou a coordenadora do BE.
"Toda a nossa democracia, o Estado Social, a educação, coisas que tomamos como garantidas, como acesso à saúde, existem porque estão consagradas na Constituição", defendeu, alertando que a Lei Fundamental "está em risco" e que "a direita quer atacar", por ser "um pilar crucial da democracia, conquistada no 25 de Abril".
Mariana Mortágua considerou que esta é uma situação "nova e perigosa, tendo em conta a radicalização da direita" e defendeu que "essa radicalização só se faz porque o PSD também se tem vindo a radicalizar e a adotar muitas das ideias da direita, permitindo a expansão desse discurso".
E alertou que as "liberdades coletivas e individuais estão em risco".
A dirigente defendeu também que "o último período de estabilidade que este país conheceu foi o período em que o Bloco de Esquerda determinou a solução governativa e a maioria parlamentar" e antecipou que "o crescimento da direita, e à medida que a política se vai encostando à direita, o país só vai conhecer instabilidade".
Sobre a situação interna do partido - que obteve no domingo o pior resultado de sempre em eleições legislativas e ficou reduzido a um deputado - a líder defendeu que "é importante ter um debate amplo, aberto".
"Vamos fazê-lo já no sábado, na Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, em que a direção irá reunir até de forma alargada, e vamos continuar a fazê-lo nos próximos tempos, sem pressa", acrescentou.
Além de Mariana Mortágua, estiveram também nesta reunião de mais de uma hora com o Presidente da República Fabian Figueiredo e Jorge Costa, que integram a Comissão Politica do BE.
A AD venceu as eleições legislativas de domingo, com 89 deputados, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, com 58 cada.
A Iniciativa Liberal continua a ser a quarta força política, com mais um deputado (9) do que em 2024, e o quinto lugar é do Livre, que passou de quatro a seis eleitos.
A CDU perdeu um eleito e ficou com três parlamentares, enquanto o Bloco de Esquerda está reduzido a uma representante, tal como o PAN que manteve um deputado.
O JPP, da Madeira, conseguiu eleger um deputado.
Estes resultados não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidas a 28 de maio.
FM // JPS
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