A Câmara Municipal de Loures vai contestar a decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa de suspender as demolições de habitações precárias no Bairro do Talude Militar, adiantou esta segunda-feira à agência Lusa fonte oficial do município. "O tribunal deu 10 dias ao município para se pronunciar e, neste momento, está-se a trabalhar no sentido de contestar a decisão", indicou à Lusa fonte da Câmara de Loures, presidida pelo socialista Ricardo Leão.

A Câmara de Loures iniciou há uma semana uma operação de demolição de 64 habitações precárias, onde vivem 161 pessoas.

Em dois dias, foram demolidas 55, mas no terceiro foi interposta uma providência cautelar por 14 moradores, que o Tribunal Administrativo de Lisboa aceitou e levou à suspensão das operações.

Entretanto, no passado fim de semana, a Câmara de Loures deu início a um processo de limpeza do entulho originado pelas demolições, que prosseguiram esta manhã e serão retomadas na quarta-feira, referiu fonte da autarquia, ressalvando que ainda não existe um prazo para a conclusão destes trabalhos.

Por sua vez, a mesma fonte referiu que as famílias afetadas por estas demolições estão a ser incentivadas, por técnicos da autarquia, a se informarem sobre os apoios disponíveis, sendo que algumas dirigiram-se esta tarde à Casa da Cultura de Sacavém – uma informação contestada pelas associações que têm apoiado os imigrantes no terreno.

Segundo diz o município, das 55 famílias que ocupavam as construções precárias demolidas esta semana, 14 estão a receber apoio da Câmara Municipal de Loures, que disse ter atendido 38 dos agregados até sexta-feira. Outras 14 famílias encontraram alternativa habitacional junto de familiares ou amigos, três recusaram o apoio e sete não manifestaram interesse nas soluções apresentadas.

De acordo com os últimos dados disponibilizados, três famílias, com cinco menores a cargo, continuam com apoio de pernoita e dez famílias, com 21 menores a cargo, encontram-se a receber apoio alimentar. Cinco famílias conseguiram aceder ao mercado de arrendamento, tendo beneficiado do apoio municipal para o pagamento da caução e do primeiro mês de renda, acrescenta a autarquia.

Contactado pela Lusa, Kedy Santos, do Movimento Vida Justa, referiu que as famílias continuam a receber a mesma resposta por parte dos técnicos da Câmara e que a ajuda proposta não resolve a sua situação. "É mais do mesmo. As alternativas têm de ser negociadas com o Governo", defendeu.

O ativista disse ainda que as famílias com crianças temem que haja uma intervenção da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPC), no sentido de lhes serem retirados os menores. "Existe esse risco. Daí também a necessidade de esta situação ser resolvida com urgência", argumentou.

Entretanto, moradores e ativistas realizaram um plenário para prepararem as próximas ações, tendo decidido que farão uma ação pública no dia 30, adiantou Kedy Santos.

A ideia, referiu o ativista, é entregar uma carta aberta a pedir a suspensão dos despejos e a resolução dos problemas da habitação, no edifício onde se reúne o Conselho de Ministros, em Lisboa.