Depois de muita hesitação, muitas falsas partidas e muitos estudos de mercado, o PS lá conseguiu escolher a candidata à liderança da capital. Alexandra Leitão tem credibilidade académica e é digna do devido respeito.
Mas a realidade é que após 14 anos de governação na capital, o PS nunca aceitou a vitória de Carlos Moedas em 2021, e tem-se esforçado por dificultar a vida ao executivo e tentar contestar a sua liderança social. Por tudo isto, Lisboa merece uma clarificação e, nesse sentido, o contraste entre Alexandra Leitão e o atual Presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas, é tão evidente quanto saudável.
De um lado, o punho em riste e o megafone agitado; do outro, o bloco e a caneta, com ideias, apontamentos, propósitos.
De um lado, uma ilustre professora de direito administrativo; do outro, um engenheiro com capacidade executiva, e com uma atração de décadas pelo terreno, pelo planeamento e pela coragem de fazer obra.
De um lado, as propostas que irão assustar os comerciantes, complicar a vida às empresas de serviços, afastar os investidores; do outro, a capacidade para atrair talento, fomentar a inovação, e somar novas oportunidades e postos de trabalho.
De um lado, uma hábil comentadora política, que faz o pleno nos programas de debate; do outro, um autarca que gosta genuinamente de percorrer a cidade, os bairros, as freguesias, e que tem essa forma tão própria de escutar as pessoas, interagir com as pessoas, trabalhar com as pessoas e concretizar.
De um lado, uma linguagem panfletária, definitiva, agressiva; do outro, a procura de soluções ponderadas, de bom senso, discutidas com os múltiplos intervenientes, para tentar chegar aos desejáveis consensos.
De um lado, o saudosismo por épocas pródigas em manifestações, em lutas, em agitações; do outro, a vontade simples de melhorar a Lisboa do agora e projetar a Lisboa do futuro.
De um lado, o brilhantismo do confronto intelectual e o deleite com as argumentações teóricas; do outro, o pragmatismo e a preocupação pelos temas concretos da cidade, da habitação à mobilidade, da qualidade do espaço público à segurança.
De um lado, um frentismo bastante datado e uma coligação política que seguramente terá o tom guerreiro dos acampamentos bloquistas; do outro, a disponibilidade para juntar novos valores, para recolher contributos técnicos, potenciar competências, criar equipas mobilizadas para a ação.
De um lado, a voragem frenética à procura da novíssima batalha woke que surge a cada mês; do outro, o foco persistente no dia-a-dia do cidadão, e nos problemas reais das famílias.
De um lado, essa natureza divisiva, esse “nós contra eles” que caracteriza os políticos extremados que se alimentam da pós-verdade e da criação de pseudo acontecimentos; do outro, a abertura de espírito, a tolerância, o convívio sereno com os outros, a moderação como regra de vida e de ação social.
A candidatura de Alexandra Leitão é uma inflamada jogada política de laboratório. É uma espécie de aceleração à procura do zénite radical. Talvez os Lisboetas não estejam à procura de uma aventura dessas. Já Carlos Moedas representa toda uma outra forma de liderar, de gerir e fazer cidade, com uma postura atualizada, positiva, concreta, e verdadeiramente orientada às preocupações dos cidadãos.