
O presidente do Conselho Europeu insistiu hoje que a paz "é uma ilusão" sem uma defesa coletiva na União Europeia (UE), e apelou ao desenvolvimento da indústria associada à segurança como uma maneira de também aumentar a competitividade.
"A invasão russa da Ucrânia abriu os olhos à Europa, demonstrou que paz sem defesa é uma ilusão", disse António Costa, durante um debate sobre as conclusões do último Conselho Europeu, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).
O presidente da instituição que inclui os presidentes e primeiros-ministros dos 27 países da UE defendeu, mais uma vez, que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) "é indispensável", mas a UE "tem de estar preparada para assumir uma responsabilidade maior".
A intervenção de António Costa não destoou de outras que fez anteriormente para tentar fazer valer a ideia de que é necessário, na ótica dos representantes das instituições europeias, investir na área de defesa.
O ex-primeiro-ministro de Portugal, que enquanto estava a encabeçar o executivo nacional não atingiu os 2% do Produto Interno Bruto em defesa exigidos pela NATO, recordou que hoje os Estados-membros têm "mais espaço orçamental" através dos instrumentos da UE para uma "despesa em defesa mais ambiciosa".
O presidente do Conselho Europeu, há pouco mais de seis meses em funções, advogou que reforçar a indústria da defesa e as capacidades militares de cada país também vai aumentar a competitividade do bloco comunitário.
"À medida que investirmos mais, não precisamos de multiplicar as mesmas capacidades pelos 27. Precisamos de implementar um sistema de defesa comum, investir juntos em capacidades estratégicas como a defesa aérea, segurança marítima, espaço e ciberespaço", sustentou.
António Costa e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foram criticadas por vários eurodeputados, nomeadamente da bancada à esquerda, pela ausência de palavras sobre a invasão israelita ao enclave palestiniano da Faixa de Gaza, e que advogaram que é claro que Israel violou os direitos humanos e que a UE nada fez para ajudar a população palestiniana.