O Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem graves consequências para indivíduos, famílias e sistemas de saúde, sendo um dos principais problemas de saúde pública. Para aumentar a consciencialização, o Ministério da Saúde instituiu, pelo Despacho nº 23 910/2003, o Dia Nacional do Doente com AVC, celebrado a 31 de março.

O AVC continua a ser uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 15 milhões de pessoas sofram de AVC anualmente, resultando em 5 milhões de mortes. Em Portugal, a cada hora três pessoas são vítimas de AVC, uma delas não sobrevive e muitas das que sobrevivem ficam com sequelas.

Embora alguns fatores de risco sejam inevitáveis, como a idade, muitos são modificáveis. Controlar a pressão arterial, manter uma dieta equilibrada, praticar atividade física e evitar o tabaco são medidas eficazes na prevenção. No entanto, o AVC pode ocorrer sem aviso prévio, sendo essencial reconhecer os sinais para agir rapidamente. Os sinais e sintomas mais comuns são conhecidos pelos “5 F’s”: Forte dor de cabeça, intensa e diferente do habitual; Fala arrastada, com dificuldade em articular palavras; Face descaída, levando à assimetria facial; Falta de força num dos membros superiores ou inferiores; e Falta súbita de visão em um ou ambos os olhos.

O reconhecimento precoce e o acionamento imediato do 112 ou Serviço Nacional de Saúde 24 (SNS 24) são fundamentais. Esses serviços ativam a Via Verde do AVC (VVAVC), garantindo que o paciente seja transportado para um hospital preparado para fornecer o tratamento adequado, aumentando as possibilidades de recuperação e reduzindo sequelas.

Após o episódio de AVC, a reabilitação precoce é crucial para minimizar as incapacidades. O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) desempenha um papel essencial nesse processo, oferecendo cuidados individualizados, terapias físicas e cognitivas e apoio emocional e social, garantindo uma melhor qualidade de vida.

Os avanços na pesquisa e divulgação científica têm aberto novas perspetivas na abordagem da pessoa com AVC. A necessidade de uma intervenção multidisciplinar, com investimentos contínuos em estudos clínicos, medicamentos inovadores e tecnologias de reabilitação permitem tratamentos e reabilitação mais eficazes e a divulgação dessas descobertas fortalece a consciencialização pública e o apoio às iniciativas de investigação.

Um exemplo dessa evolução é a obra “Cuidados de Enfermagem à Pessoa com AVC – Viver o Mundo pela Metade”, organizada por três EEER. Esse livro reflete sobre a problemática do AVC, reunindo conhecimentos e pesquisas relevantes para pessoas, cuidadores e profissionais de saúde.

O livro apresenta um olhar abrangente sobre a Enfermagem enquanto ciência, agregando contribuições de diversas áreas do cuidado humano. Destina-se a enfermeiros comprometidos com a excelência nos cuidados, estudantes do ensino graduado e pós-graduado, além de familiares e cuidadores que acompanham pacientes com AVC.

A celebração do Dia Nacional da Pessoa com AVC reforça o compromisso com a prevenção, reabilitação e apoio aos que são afetados por esta doença. Somente através da educação, inovação e colaboração contínua podemos transformar desafios em oportunidades, garantindo um futuro mais promissor para todos os que, direta ou indiretamente, convivem com essa condição.

A autora é professora coordenadora de Mestrado em Enfermagem de Reabilitação na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC); Investigadora Integrada na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E); Coordenadora do livro Cuidados De Enfermagem Na Pessoa Com Avc – Viver O Mundo Pela Metade (LIDEL).

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